Reconhecer, resistir, remediar: discurso de ódio
Projeto buscou compreender diferentes aspectos do discurso sexista contra mulheres na internet, no Brasil e na Índia. Buscou-se compreender as diferentes concepções de discurso de ódio e suas implicações; as percepções sobre fenômeno, como as esferas de regulação vêm decidindo sobre o tema e como as plataformas regulam discursos de ódio misógino.
Discurso de ódio é um tema que merece atenção cuidadosa. É corrente a percepção de que a expressão representa algo que vem crescendo nas redes sociais, com múltiplos danos e populações afetadas. Da mesma maneira, o fenômeno desafia esforços de conceituação e de enfrentamento.
A iniciativa do InternetLab no tema do discurso de ódio envolve pesquisar:
- Diferentes concepções sobre quais os contornos do discurso de ódio e suas implicações;
- Percepções sobre fenômenos reconhecidos como discurso de ódio na internet, inclusive as que contribuem para normalizá-lo;
- Como diferentes esferas de regulação (estatal, privada e de direito internacional) interagem com esse fenômeno, e como operadores dessa regulação (de juízes a moderadores de conteúdo das plataformas de internet) vêm decidindo sobre casos;
- No caso da regulação estatal, quais as lacunas e deficiências do sistema jurídico brasileiro em lidar com casos de discurso de ódio;
- Na esfera da regulação privada, as políticas e procedimentos de controle de conteúdo das plataformas de internet, questões na sua aplicação, inclusive com a finalidade de oferecer críticas e sugestões ao setor privado e, ainda, questões em torno do controle automatizado de discurso, por meio de algoritmos que se propõem a identificar a manifestação do ódio na internet.
Por conta da complexidade do tema, este projeto compreende diferentes iniciativas. Uma delas é conjunta com a organização IT for Change, da Índia, e financiada pelo IDRC – International Development Research Center, do Canadá. Nela, estamos desenvolvendo uma pesquisa sobre discurso sexista (contra mulheres) no Brasil e na Índia. Os dois países apresentam importantes semelhanças no que diz respeito ao uso de internet e posicionamento global, mas também importantes diferenças sociais e culturais. O projeto envolve estudos de caso, pesquisa quantitativa, pesquisa-ação com jovens e tendo em vista culturas alternativas de participação, análise automatizada de discursos e contra-discursos em redes sociais, análise legal e de termos de uso de plataformas, e desenvolvimento de relatórios e materiais de referência.
Outra das frentes de pesquisa é voltada ao discurso de ódio contra a população LGBT+ no Brasil. A frente compreende o desenvolvimento de pesquisa jurídica, estudos de caso e estudos sobre decisões automatizadas, bem como a realização de debates e sensibilização transversal entre setores.
Publicações:
Relatórios produzidos, em parceria com a ItForChange: o primeiro deles reúne os principais achados de uma série de mesas redondas sobre uma perspectiva feminista para governança da internet, e o segundo reúne os artigos submetidos pelas participantes das mesas redondas.