Um guia da dieta de mídia digital brasileira
Como os brasileiros usam a internet? Como é seu comportamento na hora de buscar informações na rede? O InternetLab manterá um guia com indicadores sobre como anda a dieta de mídia dos brasileiros e brasileiras.
Como os brasileiros usam a internet? Como é seu comportamento na hora de buscar informações na rede? Quais setores usam mais plataformas de vídeos, de mensagens instantâneas ou ouvem podcasts? E como esses diferentes usos interagem entre si? Perguntas como essas estão na base de nosso trabalho no InternetLab. Elas perpassam por todos os nossos projetos, pois as suas respostas desenham o quadro de como diferentes plataformas e tecnologias estão impactando – e sendo impactadas – na sociedade brasileira.
Levantamentos demográficos têm o poder de investigar questões relevantes da sociedade, constituindo-se enquanto elemento essencial para pesquisas acadêmicas que procuram entender diversos aspectos sociais e para o direcionamento de políticas públicas. É por isso que a realização desses levantamentos são essenciais em uma sociedade democrática e a sua falta pode trazer déficits relevantes em diversos níveis, afetando toda uma população.
Após o cancelamento do Censo 2021, as discussões sobre as diversas áreas que poderiam ser afetadas, como a da educação, por exemplo, tornaram-se crescentes. Esse debate se torna essencial para a defesa da realização não apenas desta, mas também de outras pesquisas desse teor.
É pensando na importância dessas pesquisas e no quadro de informações essenciais para toda pesquisa sobre políticas de internet que decidimos criar um guia de indicadores sobre a dieta de mídia dos brasileiros. O objetivo é, portanto, apresentar pesquisas que se dedicam à apresentação de como os(as) brasileiros(as) se alimentam de informação no meio digital enquanto um agregador de referências, atualizado de forma contínua.
No guia são compilados indicadores abertos ao público, estando excluídos aqueles sigilosos ou encomendados a clientes privados. De acesso público, ele servirá como infraestrutura básica de todas as nossas pesquisas e como um fio condutor dos projetos na área de Informação e Política.
Saiba mais sobre esse projeto – e também por que decidimos usar a expressão dieta de mídia – aqui. Este guia também será colaborativo, contemplando a possibilidade de abarcar novos indicadores relevantes indicados por quem está trabalhando na área. Caso este seja o caso, envie sugestões para francisco@internetlab.org.br. Para comunicar erros, dúvidas ou fazer alguma retificação, favor entrar em contato pelo mesmo endereço.
O Guia
A lista se divide em três partes. A primeira trata das características da conectividade, do consumo de mídia digital e da audiência da internet no Brasil. Os indicadores compilados abaixo dizem respeito à penetração da internet no país, o perfil de seus usuários e como estes índices se relacionam com o consumo de outras mídias, como a TV e o rádio, e informações sobre as plataformas e veículos de informação utilizados no país. A segunda parte deste guia compila dados sobre desigualdades no uso da mídia digital e características desse uso por parte de segmentos populacionais específicos. Por fim, a terceira, organiza dados sobre investimento em publicidade digital, explorando o tamanho deste mercado e suas peculiaridades.
I. Conectividade, consumo e audiência
Quais são os meios de comunicação utilizados pelos brasileiros e como a internet se posiciona em diferentes setores sociais e territórios? Eis os principais indicadores relativos à conectividade e a hábitos gerais de consumo de mídia, como as características da conexão à internet em diferentes populações e os perfis de usuários de internet.
TIC Domicílios (Cetic.br)
O acesso à internet no Brasil, em 2021, alcançou 82% da população do país, com diminuição de 1% em relação à 2020. A ligeira queda ocorreu principalmente por conta da diminuição de acesso à internet em domicílios urbanos, de 86% para 83%, porém a queda não foi maior por conta do aumento de 6% em domicílios rurais. O acesso diminuiu, também, para quase todas as classes, excetuando-se a classe A, que continuou nos 100%, houve pequenas diminuições nas classes B, C e DE, essa última caindo de 64% para 61%, a maior queda. Essas e outras informações são encontradas na pesquisa realizada pela Cetic, sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nos domicílios rurais e urbanos do Brasil entre 2005 e 2021. Por meio de uma série de gráficos e tabelas, é possível visualizar – com recortes por idade, classe econômica e escolaridade – qual a porcentagem da população usuária de internet e a frequência do uso, assim como informações sobre a conectividade e a infraestrutura da conexão no país. Por fim, é interessante observar dados sobre a utilização da internet para consumo de música, vídeos, programas, filmes, séries, jornais e revistas.
2005 // 2006 // 2007 // 2008 // 2009 // 2010 // 2011 // 2012 // 2013 // 2014 // 2015 // 2016 // 2017 // 2018 // 2019 // 2020 // 2021 // 2022 // 2023 (inclui série histórica)
PNAD TIC (IBGE)
Enquanto a presença da televisão em domicílios brasileiros tem um aparente decréscimo, indo de 95,5% em 2021, para 94,3% em 2023, o uso da internet aumentou de 90% para 92,5% nos domicílios. Dados como esses são encontrados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) sobre TIC, que oferece detalhamento geográfico para o Brasil e Grandes Regiões, dados sobre acesso à televisão e à internet e posse de telefone móvel celular para uso pessoal. A partir da aplicação de uma série de perguntas e questionários específicos a entrevistados de todo país, a pesquisa levanta, entre outras informações, indicadores sobre a quantidade de domicílios com televisão (com dados sobre o tipo do aparelho) e quais deles têm conversor para receber sinal digital de TV aberta. Além disso, o estudo analisa a utilização de internet tanto nos domicílios quanto nos espaços fora dele, bem como o equipamento utilizado para a conexão e a finalidade do acesso.
2005 // 2008 // 2011 // 2013 // 2014 // 2015 // 2016 // 2017 // 2018 // 2019 // 2021 // 2022 // 2023
Digital News Report (Reuters)
Neste relatório que analisa anualmente o consumo de mídia em uma série de países (46 em 2023), é possível encontrar dados entre 2012 e 2024 sobre os meios e as fontes de notícia mais utilizados. Como a pesquisa analisa diversos países, é possível ter uma visão mundial ampla e comparativa sobre os pontos analisados, como utilização de televisão, internet, mídia impressa e redes sociais. A pesquisa em 2024 se debruça sobre o aumento do uso de plataformas de vídeos curtos como fonte de notícias. O Brasil figura como um dos países que mais faz esse tipo de uso, sendo o quarto na América Latina.
2012 // 2013 // 2014 // 2015 // 2016 // 2017 // 2018 // 2019 // 2020 // 2021 // 2022 // 2023 // 2024
Pesquisa Brasileira de Mídia (Secom e IBOPE)
Nesta pesquisa quantitativa é possível encontrar dados sobre os meios de comunicação mais utilizados pela população para busca de informações (televisão, rádio, internet, jornais e revistas), a frequência (por dias da semana e por horas), e por qual dispositivo são acessados, segmentadas por dados socioeconômicos. Ainda podemos encontrar indicadores interessantes sobre atividades realizadas concomitantemente, como, por exemplo, o hábito de comer por 35% dos entrevistados enquanto assistem televisão e por 21% durante o acesso à internet, além do de realizar atividades domésticas ouvindo rádio por 37% dos entrevistados. A pesquisa foi realizada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, mas descontinuada em 2017, elaborada por meio da aplicação de questionários face-a-face em todo Brasil.
2014 // 2015 // 2016 // 2017 // 2018 // 2019 // 2020 // 2021 // 2022 // 2023
Pesquisa Brasileira de Mídia (Secom e IBOPE)
Nesta pesquisa quantitativa é possível encontrar dados sobre os meios de comunicação mais utilizados pela população para busca de informações (televisão, rádio, internet, jornais e revistas), a frequência (por dias da semana e por horas), e por qual dispositivo são acessados, segmentadas por dados socioeconômicos. Ainda podemos encontrar indicadores interessantes sobre atividades realizadas concomitantemente, como, por exemplo, o hábito de comer por 35% dos entrevistados enquanto assistem televisão e por 21% durante o acesso à internet, além do de realizar atividades domésticas ouvindo rádio por 37% dos entrevistados. A pesquisa foi realizada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, mas descontinuada em 2017, elaborada por meio da aplicação de questionários face-a-face em todo Brasil.
Global Digital (We Are Social)
Em 2024, o brasileiro passou, em média, 9 horas e 13 minutos utilizando a internet por dia. O país se mantém, portanto, como o segundo com a maior média diária de utilização, assim como em 2023. Ainda muito acima da média mundial de 6 horas e 40 minutos. O Brasil é, ainda, o terceiro país que mais gasta tempo em redes sociais, com a média de 3 horas e 37 minutos por dia, mais de 1 hora acima da média mundial. Informações como essas podem ser encontradas neste relatório, que analisa anualmente o uso de internet, mídia social, celulares e e-commerce pelo mundo, permitindo uma análise comparada. A pesquisa também traz informações sobre o número de pessoas com acesso à internet e o tempo diário gasto na rede e nas mídias sociais, o tempo de atividade e o engajamento dos usuários na internet e quais são os aplicativos de mensagem de maior predominância em âmbito global.
2013 // 2014 // 2015 // 2016 // 2017 // 2018 // 2019 // 2020 // 2021 // 2022 // 2023 // 2024
StatCounter
Nessa ferramenta, encontram-se estatísticas sobre os principais hábitos dos usuários no tráfego pela internet no Brasil e no mundo, ao longo do tempo. Os dados demonstram a alternância entre Instagram e Pinterest na segunda colocação de plataformas mais acessadas do Brasil. Entre agosto de 2023 e agosto de 2024 as duas trocaram diversas vezes de lugar – entre 2º e 3º. O Facebook ainda é a plataforma mais utilizada, se mantendo em primeiro colocado durante todo o período. Também é possível levantar, por exemplo, os rankings, em diferentes dispositivos, das redes sociais, navegadores, sites de buscas (como Google e Yahoo) e dos sistemas operacionais, além de informações sobre o mercado de smartphones e desktops. O site disponibiliza diversos filtros e opções de busca que podem melhorar a visualização do conteúdo, como a região, o período, o tipo de gráfico e informações específicas de acordo com o que se procura.
Media Ownership Monitor Brazil
Neste portal, encontra-se um mapeamento dos veículos de maior audiência no Brasil em 2017, assim como dos grupos que os controlam, com indicadores de transparência e de riscos ao pluralismo e à independência da mídia. É possível, por exemplo, ver que as maiores audiências online do Brasil em 2017 eram dos grupos Globo, Folha e Abril. Ao todo, são analisados 50 veículos que pertencem a 26 grupos de comunicação. Todos os dados e informações estão em bancos de dados do site, que disponibiliza análises extensas e temas em destaque.
Análises DataFolha sobre o uso de redes sociais
Nesta pesquisa de 2018, são apresentadas informações apreendidas de um levantamento que realizou, nos dias 24 e 25 de outubro, aproximadamente 9 mil entrevistas presenciais em 341 municípios para produzir dados sobre o uso das redes sociais nas eleições de 2018 do Brasil. Também é possível encontrar na pesquisa quais foram os hábitos dos usuários nas redes durante o segundo turno das eleições, como, por exemplo, a busca por informações políticas e o compartilhamento de notícias eleitorais dentro de cada plataforma.
Já nesse levantamento de 2019, o Datafolha analisou o comportamento dos brasileiros no WhatsApp e em outras redes sociais. A partir da entrevista foi verificado, por exemplo, que “política” foi o segundo assunto mais discutido em grupos de Whatsapp (30%), seguido por “família” (39%) e “trabalho” (31%). Também foi analisada a quantidade de grupos que as pessoas fazem parte.
Pesquisa PoderData sobre meios de informação
Nesta pesquisa do PoderData foram realizadas entrevistas com 2.500 indivíduos, entre os dias 11 a 13 de outubro de 2021. Ela analisou os meios de informação utilizados primariamente pelas pessoas entrevistadas de acordo com dados de gênero, idade, região, escolaridade, e avaliação do governo.
A maior parte da população utiliza a internet como fonte de informação – 22% dos brasileiros e brasileiras se informam majoritariamente por redes sociais e 21% por sites e portais online. O uso desse meio é mais comum entre jovens (32% dos entrevistados entre 16 e 24 anos) e por quem avalia o governo do presidente Jair Bolsonaro como ótimo ou bom (35%).
Os dados da mesma pesquisa também indicam que 45% dos brasileiros (as) passam mais de uma hora por dia em redes sociais: 22% ficam entre 1h e 3h; 16% entre 3h e 5h; e 7% mais que 5h. Além disso, 49% utilizam de 3 a 5 redes sociais por dia. Dentre as pessoas entrevistadas que avaliam o governo Bolsonaro como ótimo ou bom, a maioria passa até uma hora nas redes sociais (47%) e, dentre os que avaliam como ruim ou péssimo, boa parte (27%) fica de 1h a 3h.
Vetores da comunicação política em aplicativos de mensagens
A pesquisa realizada pelo InternetLab em parceria com a Rede Conhecimento Social busca investigar hábitos e percepções de usuários (as) de aplicativos de mensagens quanto a recepção, consumo e compartilhamento de conteúdo político e eleitoral. Ela traz dados sobre os grupos que os indivíduos entrevistados participam no aplicativo, as dinâmicas destes grupos, os tipos de mensagens recebidas durante as eleições, a participação em grupos político-eleitorais, e mais. A pesquisa, que está em sua quarta edição em 2024, é feita desde de 2020.
Na primeira edição, a pesquisa apontava as eleições de 2018 como ponto de virada no comportamento dentro do aplicativo. 71% das pessoas entrevistadas afirmavam ter mudado de alguma forma o comportamento em aplicativos de mensagem desde as eleições daquele ano, policiando-se mais sobre o que falam nos grupos. Na atual edição 2023/2024, é feito um comparativo com os dados das últimas pesquisas, que demonstram alterações nos aplicativos mais frequentemente utilizados para o consumo de conteúdo político e eleitoral, além de mapear os mecanismos de checagem de produção de confiança e desconfiança dos usuários de aplicativos de mensageria privada.
Uso de Apps no Brasil (mobiletime.com)
Neste estudo foram realizadas pesquisas online em março de 2024 com mais de 2.000 brasileiros sobre o uso de aplicativos no Brasil. A pesquisa aponta o Instagram na liderança do ranking de aplicativos que as pessoas passam mais tempo ao longo do dia. A plataforma está presente em 90% dos smartphones brasileiros. Também, a pesquisa aponta para 4 destaques nessa edição: (i) o hábito de download pago é mais comum entre homens e jovens; (ii) o modelo “freemium”, assim como na última pesquisa, continua dominando o uso de apps; (iii) homens também são mais propensos a fazer compras “in-app”; e (iv) as classes econômicas mais altas têm maior preocupação com o compartilhamento dos seus dados. São elencadas uma série de estatísticas acerca do uso de aplicativos, em especial nos smartphones no país. A intersecção aqui é de extrema importância, pois a própria pesquisa aponta que 98% dos brasileiros com smartphones já instalaram um aplicativo. A pesquisa sobre uso de apps no Brasil vem sendo em série histórica desde 2017 pela Mobile Time.
jun 2017 // jun 2018 // dez 2018 // jun 2019 // dez 2019 // mai 2020 // dez 2020 // jun 2021 // dez 2021 // jun 2022 // dez 2022 // mai 2023 // dez 2023 // abr 2024 (inclui série histórica)
Mensageria no Brasil (mobiletime.com)
A pesquisa da Mobiletime, feita em janeiro de 2024, trouxe informações acerca dos aplicativos de mensageria no Brasil. A presente edição se debruça sobre o uso do ChatGPT como ferramenta de diálogo. De acordo com os dados, um terço dos brasileiros com smartphones já conversaram com a ferramenta de inteligência artificial, estando presente em todas as faixas etárias e todas as classes sociais. Também aponta para a alta satisfação dos usuários brasileiros com a plataforma (75% aprovaram o uso). A pesquisa também demonstra certa estabilização na popularidade dos aplicativos no último ano, com o WhatsApp se mantendo no topo, instalado em 98% dos smartphones brasileiros. O estudo foi elaborado entre 10 e 23 de janeiro de 2024 com pouco mais de 2.000 brasileiros.
2021 // 2022 // agosto 2023 // mar 2024 (inclui série histórica)
MARCO Research
A pesquisa da Marco, empresa de pesquisa de mercado, feita em junho de 2022, com mais de 14 mil pessoas, apontou comportamentos de usuários depois do período da pandemia. De acordo com a pesquisa, a plataforma WhatsApp é o segundo meio mais importante para os brasileiros se informarem, seguida de perto pela plataforma Instagram. A televisão continua sendo o meio mais importante, porém chama a atenção o fato de que dos 5 principais meios, 3 são aplicativos de mídias sociais. O estudo trata, ainda, de assuntos como o aumento do metaverso, o crescimento do e-commerce, o uso de criptomoedas e o turismo.
II. Populações específicas e desigualdades
Como é o uso da internet feito por populações específicas, como idosos, crianças ou analfabetos funcionais? Esta segunda parte deste guia compila dados sobre desigualdades na utilização da mídia digital e características desse uso por parte de segmentos populacionais específicos.
Indicador de Analfabetismo Funcional (Instituto Paulo Montenegro e Ação Educativa)
A pesquisa apresenta dados sobre os níveis de analfabetismo funcional da população entre 15 e 64 anos por segmentações socioeconômicas, bem como informações que contribuem para a compreensão desse cenário. Entre os dados apresentados, é possível ver que os níveis de analfabetismo no Brasil foram de 8% em 2018, e de alfabetismo rudimentar, que se encontra na categoria de analfabetismo funcional, foi de 22%. A pesquisa mostra, também, a proporção de analfabetismo funcional em relação à educação, que é de 99% em indivíduos sem nenhuma escolaridade e de 4% entre quem possui ensino superior, além de sua relação com mercado de trabalho e cultura. O estudo foi elaborado por meio de entrevistas domiciliares com aplicações de testes cognitivos em todas as regiões do país.
2001 // 2002 // 2003 // 2004 // 2005 // 2007 // 2009 // 2011 / 2012 // 2015 // 2018
Domésticas Conectadas (InternetLab)
Esta pesquisa, desenvolvida pelo InternetLab em parceria com a Rede de Conhecimento Social e a Consult Pesquisas, avalia o uso e a apropriação das Tecnologias de Comunicação e Informação (TICs) por trabalhadoras domésticas na cidade de São Paulo. Ela faz uso de metodologias quanti e qualitativas, trazendo dados e perspectivas das trabalhadoras. Os dados analisados apontam que 98% dessas mulheres acessam a internet pelo celular e que 40% usam a rede para buscar informações sobre a profissão, como dicas para a realização de atividades domésticas. Tendo em vista que o enfoque nessa parcela da população – sobre a qual incide desproporcionalmente desigualdades de gênero, raça e classe – pode subsidiar a ampliação de políticas efetivas e acesso à internet, o estudo traz dados sobre usos e hábitos dessas trabalhadoras na rede, níveis de confiança e preocupações com segurança, privacidade, o impacto que a internet tem sobre suas oportunidades de trabalho e renda, mobilização política e comunitária, e respeito aos seus direitos online.
TIC Kids (Cetic.br)
Nesta pesquisa, o Cetic.br examina o uso das TICs por crianças e adolescentes de 9 a 17 anos no Brasil. A pesquisa revela que 98% das crianças e adolescentes nessa faixa etária viviam em domicílios com internet em 2023, porém, a proporção foi menor na classe DE, com 94% dos indivíduos, enquanto que nas classes AB e C, a porcentagem é de 100%. O uso da internet pela população jovem continua a crescer no Brasil, em 2015 eram 79%, passando a 89% em 2019 e chegando ao patamar de 95% dos indivíduos de 9 a 17 anos. Além disso, é possível ver quais atividades são realizadas na internet – para fins de educação, comunicação, entretenimento e outros -, além de questões de habilidade para o uso seguro das TICs, percepções sobre a mediação dos responsáveis e riscos e danos no ambiente online, os quais eles estão suscetíveis. Para além da parte sobre o uso das TICs por crianças e adolescentes, também temos a pesquisa sobre o grupo de pais e responsáveis, que analisa o perfil e frequência de uso, percepções sobre riscos online, mediação dos pais e fontes de educação, conselho e apoio seguro sobre o uso seguro da internet.
2012 // 2013 // 2014 // 2015 // 2016 // 2017 // 2018 // 2019 // 2020 // 2021 // 2022 // 2023 (inclui série histórica)
Práticas digitais móveis das pessoas idosas (Cetic.br)
Em 2017, 67% da população de 60 anos ou mais tinham acessado a internet nos últimos 3 meses. O índice pode parecer baixo, mas mostra um crescimento de 56,3% do acesso por essa parcela da população, que era de 16% em 2015. O crescimento é ainda maior quando vemos a utilização da internet pelo celular, que foi de 27% em 2017 com crescimento de 107,7% em relação à 2015, quando o índice era de apenas 13%. O estudo de março de 2019 do Panorama Setorial da Internet do Cetic.br traz traz uma categorização detalhada sobre o uso e a adoção de tecnologias digitais por pessoas idosas. Sabendo que a exclusão digital aumenta com a idade e a crescente população idosa não é o foco principal da academia e da indústria – centradas em crianças e adolescentes –, essa análise representa um esforço de suma importância que se volta ao público acima de 60 anos, indicando o uso de internet no geral e por meio de telefones celulares, computadores, videogames, televisão, com características sociodemográficas nessa faixa etária (classe social, grau de instrução e sexo), além de hábitos e atividades realizados com celulares.
Acesso à internet em municípios brasileiros com até 20 mil habitantes (Cetic.br)
A pesquisa “Fronteiras da inclusão digital: dinâmicas sociais e políticas públicas de acesso à Internet em pequenos municípios brasileiros”, publicada em 13 de junho de 2022, buscou compreender quantitativamente e qualitativamente as principais questões que envolvem o acesso à internet em municípios com até 20 mil habitantes no Brasil. A pesquisa foi dividida em 4 áreas: conectividade em pequenos municípios, barreiras à conectividade, governos locais e políticas públicas e os provedores e a oferta de banda larga. A pesquisa demonstra que a conectividade nesses municípios é significativamente menor (66%) se comparada a municípios entre 20 e 100 mil habitantes (69%) e acima de 100 mil habitantes (79%). Além disso, o estudo demonstra que em só aproximadamente 15% dos municípios havia documentos formalmente instituídos de planejamento de tecnologias.
Serviços digitais no setor público (Cetic.br)
A pesquisa “Tecnologias emergentes e serviços digitais no setor público”, publicada em 14 de dezembro de 2022, trouxe números relativos ao panorama sobre o uso de tecnologias de comunicação digital no setor público. O estudo evidenciava um contínuo crescimento, entre 2015 e 2021, da disponibilização de serviços nos sites das prefeituras. A segunda edição da pesquisa explora como as inovações tecnológicas, especialmente as tecnologias de informação e comunicação (TIC), estão sendo aplicadas para melhorar os serviços públicos no Brasil. Publicado em 30 de julho de 2024, o documento destaca tanto os avanços quanto os desafios dessa transformação digital, com foco na inclusão social e na superação de desigualdades, sendo a conectividade significativa apresentada como um fator essencial para garantir que a população tenha acesso a esses serviços. Apesar de 84% da população brasileira ser usuária da internet, ainda existem disparidades na qualidade da conectividade entre homens e mulheres, além de desigualdades com base em fatores como cor, idade e nível de renda, constatando que mulheres continuam enfrentando barreiras no uso de serviços governamentais digitais. Esse cenário é agravado para mulheres de cor e com menor nível educacional, impactando o acesso a políticas públicas em áreas como saúde e educação. Também discute-se o papel da Inteligência Artificial (IA) em cidades brasileiras, destacando aplicações em segurança pública, como algoritmos de reconhecimento facial no Rio de Janeiro, e no monitoramento ambiental, com foco na preservação da Amazônia, ao passo em que levanta preocupações sobre privacidade e discriminação, devido à falta de dados robustos e à exclusão digital em algumas regiões.
Crianças e adolescentes com smartphones no Brasil (Mobile Time/Opinion Box)
A pesquisa “Panorama Mobile Time/Opinion Box – Crianças e adolescentes com smartphones no Brasil – Outubro de 2023” foi realizada a partir de entrevistas onlines com pais de crianças e adolescentes de 0 a 16 anos. Dentre os achados da pesquisa, verificou-se que até os 9 anos de idade, o entretenimento é a principal motivação para a criança ter um smartphone próprio. Na faixa de 10 a 12 anos, a comunicação com os pais passa a liderar. E depois, no grupo de 13 a 16 anos, a segurança do adolescente quando está fora de casa vira a maior motivação para a posse de um smartphone. Além disso, até os 12 anos, aplicativos de vídeo lideram como os preferidos das crianças. No grupo de 0 a 6 anos, o mais popular é o YouTube Kids. Depois, entre 7 e 12 anos, passa a ser o YouTube. Mas quando entram na adolescência, a liderança passa a ficar com um app de mensageria, no caso, o WhatsApp. A pesquisa também traz dados sobre o uso de smartphones no ambiente escolar.
Conectividade Significativa (Cetic.br)
Publicada em 15 de abril de 2024, a pesquisa “Conectividade Significativa: Propostas para medição e o retrato da população no Brasil” oferece uma análise detalhada das lacunas existentes no acesso, no uso e na apropriação da Internet no Brasil. Ela parte do conceito adotado para “conectividade significativa” como sendo condições mínimas de conectividade, tais como velocidade, disponibilidade de dispositivos, conexão confiável, regularidade no uso, habilidades digitais, entre outros aspectos, além de empregar ampla abordagem conceitual e metodológica, a partir da combinação de indicadores domiciliares padronizados internacionalmente para medir as condições de acesso à Internet. A publicação utilizou dados fornecidos pelo NIC.br e pelo Cetic.br, entidades responsáveis pela produção de dados estatísticos sobre o uso da Internet e das tecnologias da informação e comunicação (TIC) no Brasil. O estudo revela que, apesar de estarmos avançando em direção à universalização do acesso, ainda há um longo caminho a se percorrer para alcançarmos uma conectividade verdadeiramente significativa no Brasil.
III. Investimentos em mídia digital
E quanto aos gastos que movimentam o mercado de mídia digital? Qual a importância da publicidade digital enquanto um mercado e quais outras fontes de receita de veículos de mídia digital? Esta terceira e última parte compila dados sobre investimento em publicidade digital, explorando o tamanho deste mercado e as suas peculiaridades.
Kantar Ibope Media
A Kantar Ibope faz um monitoramento abrangente sobre o gasto com produtos publicitários em diferentes setores, publicando um compilado desse monitoramento no final de cada ano. Desde 2017 o monitoramento se dá a partir de um indicador específico, o de “valores publicitários brutos” (gross advertising value) dos gastos com compra de mídia no Brasil em TV aberta, TV por assinatura, rádio, cinema, out-of-home, jornal, revista e mídia online (display e search).
A nova publicação do monitoramento de gastos com produtos publicitários feita pela Kantar mostra que existiu grande retração de investimentos publicitários no Brasil no primeiro semestre de 2023, chegando no valor de R$ 28,7 bilhões, essa quantia representa uma retração de 21,2% em comparação com os primeiros seis meses de 2022. Como padrão metodológico, a Kantar apresenta o ranking de setores onde destaca cinco setores, estes que foram responsáveis por 68% do investimento em publicidade digital, sendo eles: varejo (R$ 5,8 bilhões), telecomunicações (R$ 5,2 bilhões), temáticas sociais (R$ 3,3 bilhões), entretenimento (R$ 2,7 bilhões) e indústria e comércio (2,3 bilhões).
Já no segundo semestre, houve um aumento de 10% em investimento em publicidade, totalizando R$36,7 bilhões entre o primeiro semestre de 2022 e o primeiro semestre de 2023. O Kantar justifica esse aumento pelo novo momento econômico do país, este que vem se recuperando das emergências sociais e restabelecendo movimentos culturais, como o Carnaval de Rua, dado esse momento de retorno às atividades presenciais, os maiores investimentos estão nos setores: Automotivo ( +52%), Bebidas (+42%) e Beleza (+34%).
2016 // 2017 // 2018 // 2021 // 2022 // 2023 (inclui série histórica)
CENP-Meios
Plataforma do Conselho Nacional Executivo das Normas-Padrão (entidade de ética, com atuação nacional, criada e mantida exclusivamente pelo setor privado para assegurar boas práticas comerciais entre Anunciantes, Agências de Publicidade e Veículos de Comunicação) tem abrangência mais limitada que o Gross Advertising Value da Kantar Ibope, visto que é voltado aos gastos de agências de publicidade que atuam no setor privado. De qualquer maneira, o site fornece, por meio do sistema CENP-Meios, painéis de 2017 a 2024 que mostram os investimentos publicitários no mercado nacional em internet, cinema, jornal, out of home/mídia exterior, rádio, revista e televisão, assim como dados sobre os gastos das agências de publicidade por região.Por meio de dados publicados pelo Fórum da Autorregulação do Mercado Publicitário CENP-Meios, o painel de acompanhamento de investimento publicitário de 2024, relativo ao primeiro semestre do ano, registrou um crescimento de 16% em investimentos na publicidade comparado ao mesmo período do ano anterior superando 10 bilhões de reais. Dentro da internet, o maior investimento publicitário permanece em display e outros meios (64,2%), seguido por social (20,9%), busca (8,1%), vídeo (6,5%), e, por fim, os investimentos em áudio, ficando apenas em 0,3%. A ferramenta contou com 325 agências de publicidade do país entre janeiro e junho de 2024.
IAP
O extinto Instituto de Acompanhamento da Publicidade (IAP), criado em 1999 para fornecimento de informações à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), tabulou, de 2000 a 2016, os gastos da União com publicidade: R$34,6 bilhões no total durante este período de 16 anos. Assim, as informações do IAP também têm abrangência mais limitada que as fornecidas pelo Gross Advertising Value, tendo em vista que estão ligadas exclusivamente aos números sobre propaganda do governo. Há uma vasta quantidade de dados interessantes, em um período considerável, de extrema utilidade para análises sobre publicidade governamental.
2000 // 2001 // 2002 // 2003 // 2004 // 2005 // 2006 // 2007 // 2008 // 2009 // 2010 // 2011 // 2012 // 2013 // 2014 // 2015 // 2016
Global Entertainment and Media OutLook: A World of Differences (PWC)
Neste estudo contínuo de âmbito global da consultoria Price Waterhouse Coopers (PwC), são apresentados dados sobre mudanças e tendências no setor de mídia sob uma perspectiva dos gastos dos consumidores. A pesquisa mostra que, durante o ano de 2023, a indústria de entretenimento e mídia teve um aumento de receita global total, atingindo $2,8 trilhões. Apesar disso, o grande crescimento impulsionado pela popularização de streamings perdeu velocidade, sendo substituído pela “Gen IA” , mais conhecida como Inteligência Artificial Generativa. De acordo com a pesquisa, quase metade dos CEOs entrevistados apostaram nessa nova tecnologia para aumentar os lucros em 2023, sendo que 61% desses utilizam esse tipo de ferramenta para aprimorar e melhorar a qualidade de seus produtos e serviços. Outra tendência de destaque são os anúncios para aparelhos de TV com acesso à internet que tornam possível aos consumidores comprar produtos diretamente de anúncios na televisão e vídeos. O investimento nesse tipo de publicidade foi de $20,5 bilhões de dólares em 2023. Por fim, a pesquisa projeta que até 2028 haverá um aumento dos investimentos em publicidades feita por parceria com influenciadores em vídeos de curta duração.
Digital Ad Spend (Kantar e IAB)
Neste estudo anual foram mapeados os principais investimentos no setor de publicidade digital. No primeiro semestre de 2023, o aumento no investimento em publicidade digital se manteve dentro da curva de desaceleração esperada após a pandemia, com um aumento de aproximadamente 8% relacionado ao mesmo período do ano anterior. De acordo com a pesquisa, o meio digital atingiu mais 50% de verbas em mídia em 9 setores econômicos, sendo os setores de Serviços, Pet e Mídia como os três setores de destaque, com um investimento variando entre 40 e 50% de investimento em mídias digitais. O estudo traz dados acerca dos gastos com publicidade digital de forma panorâmica e detalhada e apresenta as expectativas para o ano de 2024.
Texto atualizado em 06.12.2024.