crédito: InternetLab

Um guia da dieta de mídia digital brasileira

Como os brasileiros usam a internet? Como é seu comportamento na hora de buscar informações na rede? O InternetLab manterá um guia com indicadores sobre como anda a dieta de mídia dos brasileiros e brasileiras.

Pesquisa Informação e Política 27.06.2019 por Francisco Brito Cruz e Jade Becari

Como os brasileiros usam a internet? Como é seu comportamento na hora de buscar informações na rede? Quais setores usam mais plataformas de vídeos, de mensagens instantâneas ou ouvem podcasts? E como esses diferentes usos interagem entre si? Perguntas como essas estão na base de nosso trabalho no InternetLab. Elas perpassam por todos os nossos projetos, pois as suas respostas desenham o quadro de como diferentes plataformas e tecnologias estão impactando – e sendo impactadas – na sociedade brasileira.

Levantamentos demográficos têm o poder de investigar questões relevantes da sociedade, constituindo-se enquanto elemento essencial para pesquisas acadêmicas que procuram entender diversos aspectos sociais e para o direcionamento de políticas públicas. É por isso que a realização desses levantamentos são essenciais em uma sociedade democrática e a sua falta pode trazer déficits relevantes em diversos níveis, afetando toda uma população.

Após o cancelamento do Censo 2021, as discussões sobre as diversas áreas que poderiam ser afetadas, como a da educação, por exemplo, tornaram-se crescentes. Esse debate se torna essencial para a defesa da realização não apenas desta, mas também de outras pesquisas desse teor.

É pensando na importância dessas pesquisas e no quadro de informações essenciais para toda pesquisa sobre políticas de internet que decidimos criar um guia de indicadores sobre a dieta de mídia dos brasileiros. O objetivo é, portanto, apresentar pesquisas que se dedicam à apresentação de como os(as) brasileiros(as) se alimentam de informação no meio digital enquanto um agregador de referências, atualizado de forma contínua.

Ilustração de talheres e um prato, sobre o qual há um rádio, uma televisão e um telefone celular.
Crédito: InternetLab.

No guia são compilados indicadores abertos ao público, estando excluídos aqueles sigilosos ou encomendados a clientes privados. De acesso público, ele servirá como infraestrutura básica de todas as nossas pesquisas e como um fio condutor dos projetos na área de Informação e Política.

Saiba mais sobre esse projeto – e também por que decidimos usar a expressão dieta de mídia – aqui. Este guia também será colaborativo, contemplando a possibilidade de abarcar novos indicadores relevantes indicados por quem está trabalhando na área. Caso este seja o caso, envie sugestões para francisco@internetlab.org.br. Para comunicar erros, dúvidas ou fazer alguma retificação, favor entrar em contato pelo mesmo endereço.

O Guia

A lista se divide em três partes. A primeira trata das características da conectividade, do consumo de mídia digital e da audiência da internet no Brasil. Os indicadores compilados abaixo dizem respeito à penetração da internet no país, o perfil de seus usuários e como estes índices se relacionam com o consumo de outras mídias, como a TV e o rádio, e informações sobre as plataformas e veículos de informação utilizados no país. A segunda parte deste guia compila dados sobre desigualdades no uso da mídia digital e características desse uso por parte de segmentos populacionais específicos. Por fim, a terceira, organiza dados sobre investimento em publicidade digital, explorando o tamanho deste mercado e suas peculiaridades.

I. Conectividade, consumo e audiência

Quais são os meios de comunicação utilizados pelos brasileiros e como a internet se posiciona em diferentes setores sociais e territórios? Eis os principais indicadores relativos à conectividade e a hábitos gerais de consumo de mídia, como as características da conexão à internet em diferentes populações e os perfis de usuários de internet.

TIC Domicílios (Cetic.br)

O acesso à internet no Brasil, em 2021, alcançou 82% da população do país, com diminuição de 1% em relação à 2020. A ligeira queda ocorreu principalmente por conta da diminuição de acesso à internet em domicílios urbanos, de 86% para 83%, porém a queda não foi maior por conta do aumento de 6% em domicílios rurais. O acesso diminuiu, também, para quase todas as classes, excetuando-se a classe A, que continuou nos 100%, houve pequenas diminuições nas classes B, C e DE, essa última caindo de 64% para 61%, a maior queda. Essas e outras informações são encontradas na pesquisa realizada pela Cetic, sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nos domicílios rurais e urbanos do Brasil entre 2005 e 2021. Por meio de uma série de gráficos e tabelas, é possível visualizar – com recortes por idade, classe econômica e escolaridade – qual a porcentagem da população usuária de internet e a frequência do uso, assim como informações sobre a conectividade e a infraestrutura da conexão no país. Por fim, é interessante observar dados sobre a utilização da internet para consumo de música, vídeos, programas, filmes, séries, jornais e revistas.

2005 // 2006 // 2007 // 2008 // 2009 // 2010 // 2011 // 2012 // 2013 // 2014 // 2015 // 2016 // 2017 // 2018 // 2019 // 2020 // 2021 (inclui série histórica)

PNAD TIC (IBGE)

Enquanto a presença da televisão em domicílios brasileiros tem sofrido um decréscimo, tendo ido de 97,2% a 96,3% de 2016 a 2019, o uso da internet aumentou de 69,3% a 82,7% entre os dois anos. Dados como esses são encontrados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) sobre TIC, que oferece detalhamento geográfico para o Brasil e Grandes Regiões, dados sobre acesso à televisão e à internet e posse de telefone móvel celular para uso pessoal. A partir da aplicação de uma série de perguntas e questionários específicos a entrevistados de todo país, a pesquisa levanta, entre outras informações, indicadores sobre a quantidade de domicílios com televisão (com dados sobre o tipo do aparelho) e quais deles têm conversor para receber sinal digital de TV aberta. Além disso, o estudo analisa a utilização de internet tanto nos domicílios quanto nos espaços fora dele, bem como o equipamento utilizado para a conexão e a finalidade do acesso.

2005 // 2008 // 2011 // 2013 // 2014 // 2015 // 2016 // 2017 // 2018 // 2019

Digital News Report (Reuters)

Neste relatório que analisa anualmente o consumo de mídia em uma série de países (46 em 2022), é possível encontrar dados entre 2012 e 2022 sobre os meios e as fontes de notícia mais utilizados. Como a pesquisa analisa diversos países, é possível ter uma visão mundial ampla e comparativa sobre os pontos analisados, como utilização de televisão, internet, mídia impressa e redes sociais. No que se refere ao Brasil, a pesquisa mostra como o uso de celular para acesso a notícias cresceu, indo de 23% em 2013 à 75% em 2022, como também que a fonte de notícias continua sendo majoritariamente online, incluindo por meio das redes sociais. Além disso, também indica como o interesse nas notícias vem caindo entre os brasileiros, o índice que já foi de 82% em 2015, está hoje em 57% – com especial queda nos últimos anos.

2012 // 2013 // 2014 // 2015 // 2016 // 2017 // 2018 // 2019 // 2020 // 2021 // 2022

Pesquisa Brasileira de Mídia (Secom e IBOPE)

Nesta pesquisa quantitativa é possível encontrar dados sobre os meios de comunicação mais utilizados pela população para busca de informações (televisão, rádio, internet, jornais e revistas), a frequência (por dias da semana e por horas), e por qual dispositivo são acessados, segmentadas por dados socioeconômicos. Ainda podemos encontrar indicadores interessantes sobre atividades realizadas concomitantemente, como, por exemplo, o hábito de comer por 35% dos entrevistados enquanto assistem televisão e por 21% durante o acesso à internet, além do de realizar atividades domésticas ouvindo rádio por 37% dos entrevistados. A pesquisa foi realizada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, mas descontinuada em 2017, elaborada por meio da aplicação de questionários face-a-face em todo Brasil.

2014 // 2015 // 2016

Global Digital (We Are Social)

Em 2023, o brasileiro passou, em média, 9 horas e 32 minutos utilizando a internet por dia. Agora, o país passou a ser o segundo com a maior média diária, sendo o terceiro em 2022. Ainda muito acima da média mundial de 6 horas e 37 minutos. O Brasil é, ainda, o segundo país que mais utiliza um amplo portfólio de plataformas de mídia social . Informações como essas podem ser encontradas neste relatório, que analisa anualmente o uso de internet, mídia social, celulares e e-commerce pelo mundo, permitindo uma análise comparada. A pesquisa também traz informações sobre o número de pessoas com acesso à internet e o tempo diário gasto na rede e nas mídias sociais, o tempo de atividade e o engajamento dos usuários na internet e quais são os aplicativos de mensagem de maior predominância em âmbito global.

2013 // 2014 // 2015 // 2016 // 2017 // 2018 // 2019 // 2020 // 2021 // 2022 // 2023

StatCounter

Nessa ferramenta, encontram-se estatísticas sobre os principais hábitos dos usuários no tráfego pela internet no Brasil e no mundo, ao longo do tempo. Ela mostra como o  Instagram passou a ser a segunda plataforma mais acessada no Brasil – de dezembro de 2021 até dezembro de 2022 – ficando atrás apenas do Facebook. Até novembro de 2022, o Instagram era a terceira, mas veio numa crescente desde de junho, o que acompanhou a queda de uso da plataforma Pinterest, segunda mais acessada até então.Também é possível levantar, por exemplo, os rankings, em diferentes dispositivos, das redes sociais, navegadores, sites de buscas (como Google e Yahoo) e dos sistemas operacionais, além de informações sobre o mercado de smartphones e desktops.  O site disponibiliza diversos filtros e opções de busca que podem melhorar a visualização do conteúdo, como a região, o período, o tipo de gráfico e informações específicas de acordo com o que se procura.

Media Ownership Monitor Brazil

Neste portal, encontra-se um mapeamento dos veículos de maior audiência no Brasil em 2017, assim como dos grupos que os controlam, com indicadores de transparência e de riscos ao pluralismo e à independência da mídia. É possível, por exemplo, ver que as maiores audiências online do Brasil em 2017 eram dos grupos Globo, Folha e Abril. Ao todo, são analisados 50 veículos que pertencem a 26 grupos de comunicação. Todos os dados e informações estão em bancos de dados do site, que disponibiliza análises extensas e temas em destaque. 

Análises DataFolha sobre o uso de redes sociais

Nesta pesquisa de 2018, são apresentadas informações apreendidas de um levantamento que realizou, nos dias 24 e 25 de outubro, aproximadamente 9 mil entrevistas presenciais em 341 municípios para produzir dados sobre o uso das redes sociais nas eleições de 2018 do Brasil. Também é possível encontrar na pesquisa quais foram os hábitos dos usuários nas redes durante o segundo turno das eleições, como, por exemplo, a busca por informações políticas e o compartilhamento de notícias eleitorais dentro de cada plataforma. 

Já nesse levantamento de 2019, o Datafolha analisou o comportamento dos brasileiros no WhatsApp e em outras redes sociais. A partir da entrevista foi verificado, por exemplo, que “política” foi o segundo assunto mais discutido em grupos de Whatsapp (30%), seguido por “família” (39%) e “trabalho” (31%). Também foi analisada a quantidade de grupos que as pessoas fazem parte. 

Pesquisa PoderData sobre meios de informação

Nesta pesquisa do PoderData foram realizadas entrevistas com 2.500 indivíduos, entre os dias 11 a 13 de outubro de 2021. Ela analisou os meios de informação utilizados primariamente pelas pessoas entrevistadas de acordo com dados de gênero, idade, região, escolaridade, e avaliação do governo.

A maior parte da população utiliza a internet como fonte de informação – 22% dos brasileiros e brasileiras se informam majoritariamente por redes sociais e 21% por sites e portais online. O uso desse meio é mais comum entre jovens (32% dos entrevistados entre 16 e 24 anos) e por quem avalia o governo do presidente Jair Bolsonaro como ótimo ou bom (35%).

Os dados da mesma pesquisa também indicam que 45% dos brasileiros (as) passam mais de uma hora por dia em redes sociais: 22% ficam entre 1h e 3h; 16% entre 3h e 5h; e 7% mais que 5h. Além disso, 49% utilizam de 3 a 5 redes sociais por dia. Dentre as pessoas entrevistadas que avaliam o governo Bolsonaro como ótimo ou bom, a maioria passa até uma hora nas redes sociais (47%) e, dentre os que avaliam como ruim ou péssimo, boa parte (27%) fica de 1h a 3h.

Vetores da comunicação política em aplicativos de mensagens

A pesquisa realizada pelo InternetLab em parceria com a Rede Conhecimento Social buscou investigar hábitos e percepções de usuários (as) de aplicativos de mensagens quanto a recepção, consumo e compartilhamento de conteúdo político e eleitoral. Ela traz dados sobre os grupos que os indivíduos entrevistados participam no aplicativo, as dinâmicas destes grupos, os tipos de mensagens recebidas durante as eleições de 2020, a participação em grupos político-eleitorais, e mais.

A pesquisa aponta as eleições de 2018 como ponto de virada no comportamento dentro do aplicativo. 71% das pessoas entrevistadas afirmam ter mudado de alguma forma o comportamento no WhatsApp desde as eleições daquele ano, policiando-se mais sobre o que falam nos grupos. Ainda, 50% afirmam ter visto uma mudança nas regras dos grupos em relação ao que pode ser compartilhado. A pesquisa também revelou que para 36% dos brasileiros e brasileiras, os conteúdos recebidos pelo WhatsApp foram, ao menos parcialmente, importantes para a decisão de voto nas eleições municipais, visão especialmente relevante nas regiões norte (46%) e nordeste (41%) do país.

Uso de Apps no Brasil (mobiletime.com)

Neste estudo foram realizadas pesquisas online em novembro de 2022 com mais de 2.000 brasileiros sobre o uso de aplicativos no Brasil. A pesquisa aponta o Instagram, pela primeira vez, na liderança no ranking de aplicativos. A plataforma está presente em 92% dos smartphones brasileiros. Também, a pesquisa mostra que 43% dos brasileiros utilizam seus smartphones para ouvir podcasts, um crescimento de 5 pontos percentuais em seis meses. São elencadas uma série de estatísticas acerca do uso de aplicativos, em especial nos smartphones no país. A intersecção aqui é de extrema importância, pois a própria pesquisa aponta 98% do brasileiros com smartphones já instalaram um aplicativo. A pesquisa sobre uso de apps no Brasil vem sendo em série histórica desde 2017 pela Mobile Time.

jun 2017 // jun 2018 // dez 2018 // jun 2019 // dez 2019 // mai 2020 // dez 2020 // jun 2021 // dez 2021 // jun 2022 // dez 2022 (inclui série histórica)

Mensageria no Brasil (mobiletime.com)

A pesquisa da Mobile Time, feita em 2022, trouxe informações acerca dos aplicativos de mensageria no Brasil. São trazidos dados, por exemplo, acerca de mensagens de spam e tentativas de golpes em aplicativos de mensageria. No Whatsapp, 75% dos usuários já receberam spam de vendas. No mesmo aplicativo, 43% dos usuários já foram alvo de tentativa de golpe. A pesquisa também evidencia o aumento da utilização do Telegram, segundo ela, em um ano passou-se de 45% para 60% dos smartphones com o aplicativo instalado. A utilização de cartão de débito no Whatsapp também aumentou significativamente, pulando de 7% dos usuários para 17%. O estudo foi elaborado entre 12 e 20 de janeiro de 2022 com mais de 2.000 brasileiros acima de 16 anos.

MARCO Research

A pesquisa da Marco, empresa de pesquisa de mercado, feita em junho de 2022, com mais de 14 mil pessoas, apontou comportamentos de usuários depois do período da pandemia. De acordo com a pesquisa, a plataforma WhatsApp é o segundo meio mais importante para os brasileiros se informarem, seguida de perto pela plataforma Instagram. A televisão continua sendo o meio mais importante, porém chama a atenção o fato de que dos 5 principais meios, 3 são aplicativos de mídias sociais. O estudo trata, ainda, de assuntos como o aumento do metaverso, o crescimento do e-commerce, o uso de criptomoedas e o turismo.

II. Populações específicas e desigualdades

Como é o uso da internet feito por populações específicas, como idosos, crianças ou analfabetos funcionais? Esta segunda parte deste guia compila dados sobre desigualdades na utilização da mídia digital e características desse uso por parte de segmentos populacionais específicos.

Indicador de Analfabetismo Funcional (Instituto Paulo Montenegro e Ação Educativa)

A pesquisa apresenta dados sobre os níveis de analfabetismo funcional da população entre 15 e 64 anos por segmentações socioeconômicas, bem como informações que contribuem para a compreensão desse cenário. Entre os dados apresentados, é possível ver que os níveis de analfabetismo no Brasil foram de 8% em 2018, e de alfabetismo rudimentar, que se encontra na categoria de analfabetismo funcional, foi de 22%. A pesquisa mostra, também, a proporção de analfabetismo funcional em relação à educação, que é de 99% em indivíduos sem nenhuma escolaridade e de 4% entre quem possui ensino superior, além de sua relação com mercado de trabalho e cultura. O estudo foi elaborado por meio de entrevistas domiciliares com aplicações de testes cognitivos em todas as regiões do país.

2001 // 2002 // 2003 // 2004 // 2005 // 2007 // 2009 // 2011 / 2012 // 2015 // 2018

Domésticas Conectadas (InternetLab)

Esta pesquisa, desenvolvida pelo InternetLab em parceria com a Rede de Conhecimento Social e a Consult Pesquisas, avalia o uso e a apropriação das Tecnologias de Comunicação e Informação (TICs) por trabalhadoras domésticas na cidade de São Paulo. Ela faz uso de metodologias quanti e qualitativas, trazendo dados e perspectivas das trabalhadoras. Os dados analisados apontam que 98% dessas mulheres acessam a internet pelo celular e que 40% usam a rede para buscar informações sobre a profissão, como dicas para a realização de atividades domésticas. Tendo em vista que o enfoque nessa parcela da população – sobre a qual incide desproporcionalmente desigualdades de gênero, raça e classe – pode subsidiar a ampliação de políticas efetivas e acesso à internet, o estudo traz dados sobre usos e hábitos dessas trabalhadoras na rede, níveis de confiança e preocupações com segurança, privacidade, o impacto que a internet tem sobre suas oportunidades de trabalho e renda, mobilização política e comunitária, e respeito aos seus direitos online.

TIC Kids (Cetic.br)

Nesta pesquisa, o Cetic.br examina o uso das TICs por crianças e adolescentes de 9 a 17 anos no Brasil. A pesquisa revela que 91% das crianças e adolescentes nessa faixa etária viviam em domicílios com internet em 2021, porém, a proporção foi menor na classe DE, com 81% dos indivíduos. O uso da internet pela população jovem continua a crescer no Brasil, em 2015 eram 79%, passando a 89% em 2019 e chegando ao patamar de 93% dos indivíduos de 10 a 17 anos. Além disso, é possível ver quais atividades são realizadas na internet – para fins de educação, comunicação, entretenimento e outros -, além de questões de habilidade para o uso seguro das TICs, percepções sobre a mediação dos responsáveis e riscos e danos no ambiente online, os quais eles estão suscetíveis. Para além da parte sobre o uso das TICs por crianças e adolescentes, também temos a pesquisa sobre o grupo de pais e responsáveis, que analisa o perfil e frequência de uso, percepções sobre riscos online, mediação dos pais e fontes de educação, conselho e apoio seguro sobre o uso seguro da internet.

2012 // 2013 // 2014 // 2015 // 2016 // 2017 // 2018 // 2019 // 2020 // 2021 (inclui série histórica)

Práticas digitais móveis das pessoas idosas (Cetic.br)

Em 2017, 67% da população de 60 anos ou mais tinham acessado a internet nos últimos 3 meses. O índice pode parecer baixo, mas mostra um crescimento de 56,3% do acesso por essa parcela da população, que era de 16% em 2015. O crescimento é ainda maior quando vemos a utilização da internet pelo celular, que foi de 27% em 2017 com crescimento de 107,7% em relação à 2015, quando o índice era de apenas 13%. O estudo de março de 2019 do Panorama Setorial da Internet do Cetic.br traz traz uma categorização detalhada sobre o uso e a adoção de tecnologias digitais por pessoas idosas. Sabendo que a exclusão digital aumenta com a idade e a crescente população idosa não é o foco principal da academia e da indústria – centradas em crianças e adolescentes –, essa análise representa um esforço de suma importância que se volta ao público acima de 60 anos, indicando o uso de internet no geral e por meio de telefones celulares, computadores, videogames, televisão, com características sociodemográficas nessa faixa etária (classe social, grau de instrução e sexo), além de hábitos e atividades realizados com celulares.

Acesso à internet em municípios brasileiros com até 20 mil habitantes (Cetic.br)

A pesquisa “Fronteiras da inclusão digital: dinâmicas sociais e políticas públicas de acesso à Internet em pequenos municípios brasileiros”, publicada em 13 de junho de 2022, buscou compreender quantitativamente e qualitativamente as principais questões que envolvem o acesso à internet em municípios com até 20 mil habitantes no Brasil. A pesquisa foi dividida em 4 áreas: conectividade em pequenos municípios, barreiras à conectividade, governos locais e políticas públicas e os provedores e a oferta de banda larga. A pesquisa demonstra que a conectividade nesses municípios é significativamente menor (66%) se comparada a municípios entre 20 e 100 mil habitantes (69%) e acima de 100 mil habitantes (79%). Além disso, o estudo demonstra que em só aproximadamente 15% dos municípios havia documentos formalmente instituídos de planejamento de tecnologias.

Serviços digitais no setor público (Cetic.br)

A pesquisa “Tecnologias emergentes e serviços digitais no setor público”, publicada em 14 de dezembro de 2022, trouxe números relativos ao panorama sobre o uso de tecnologias de comunicação digital no setor público. O estudo evidencia um contínuo crescimento, entre 2015 e 2021, da disponibilização de serviços nos sites das prefeituras. No entanto, há grande desproporção quanto à disponibilização de agendamentos para consultas, atendimentos e serviços em websites das prefeituras de acordo com o tamanho da cidade. Cidades menores, com até 5 mil habitantes, têm a menor disponibilização (25%), já as com mais de 500 mil habitantes possuem a maior disponibilização (82%), com grande crescimento nos últimos anos. A pesquisa mostra outras diversas desigualdades de uso de tecnologia de acordo com o tamanho da cidade.

III. Investimentos em mídia digital

E quanto aos gastos que movimentam o mercado de mídia digital? Qual a importância da publicidade digital enquanto um mercado e quais outras fontes de receita de veículos de mídia digital? Esta terceira e última parte compila dados sobre investimento em publicidade digital, explorando o tamanho deste mercado e as suas peculiaridades. 

Kantar Ibope Media

A Kantar Ibope faz um monitoramento abrangente sobre o gasto com produtos publicitários em diferentes setores, publicando um compilado desse monitoramento no final de cada ano. Desde 2017 o monitoramento se dá a partir de um indicador específico, o de “valores publicitários brutos” (gross advertising value) dos gastos com compra de mídia no Brasil em TV aberta, TV por assinatura, rádio, cinema, out-of-home, jornal, revista e mídia online (display e search). Em 2021, vimos os investimentos publicitários voltando a crescer, atingindo um patamar de R$ 69 bilhões, o que significa um aumento de 29% em relação ao ano anterior. Esses investimentos focaram, principalmente, nos segmentos de Serviço ao Consumidor, Comércio e Financeiro e Securitário. As publicações da Kantar apresentam um panorama valioso sobre o mercado publicitário, com valores estimados a partir dessa metodologia. Os relatórios também apresentam rankings de anunciantes e setores. Além disso, a divisão de mídia da Kantar realizou ao final de 2022 um estudo com previsões de tendências de mídia para o ano de 2023. A Kantar aponta (i) que os profissionais de marketing continuarão investindo em vídeo online, streaming e mídias sociais, (ii) que este é o momento certo para investir, uma vez que os consumidores estão aceitando mais a publicidade, (iii) uma evolução no uso de dados, principalmente por meio do uso de cookies, (iv) um crescimento na exibição de anúncios em telas e menus domésticos e (v) uma maior vontade da população mundial em investir tempo e dinheiro para apoiar as empresas a fazer a coisa certa, como produtos preocupados com o meio ambiente.

2016 // 2017 // 2018 // 2021

CENP-Meios

Plataforma do Conselho Nacional Executivo das Normas-Padrão (entidade de ética, com atuação nacional, criada e mantida exclusivamente pelo setor privado para assegurar boas práticas comerciais entre Anunciantes, Agências de Publicidade e Veículos de Comunicação) tem abrangência mais limitada que o Gross Advertising Value da Kantar Ibope, visto que é voltado aos gastos de agências de publicidade que atuam no setor privado. De qualquer maneira, o site fornece, por meio do sistema CENP-Meios, painéis de 2017 a 2022 que mostram os investimentos publicitários no mercado nacional em internet, cinema, jornal, out of home/mídia exterior, rádio, revista e televisão, assim como dados sobre os gastos das agências de publicidade por região. Dentro da internet, o investimento publicitário de 2022 foi maior por meio de display e outros meios (63,8%), seguido por social (23,5%), busca (6,4%) e vídeo (6%), tendo os investimentos por meio de áudio ficando apenas em 0,2%. A ferramenta conta atualmente com aproximadamente 326 das maiores agências de publicidade do país. 

IAP

O extinto Instituto de Acompanhamento da Publicidade (IAP), criado em 1999 para fornecimento de informações à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), tabulou, de 2000 a 2016, os gastos da União com publicidade: R$34,6 bilhões no total durante este período de 16 anos. Assim, as informações do IAP também têm abrangência mais limitada que as fornecidas pelo Gross Advertising Value, tendo em vista que estão ligadas exclusivamente aos números sobre propaganda do governo. Há uma vasta quantidade de dados interessantes, em um período considerável, de extrema utilidade para análises sobre publicidade governamental.

2000 // 2001 // 2002 // 2003 // 2004 // 2005 // 2006 // 2007 // 2008 // 2009 // 2010 // 2011 // 2012 // 2013 // 2014 // 2015 // 2016

Global Entertainment and Media OutLook: A World of Differences (PWC)

Neste estudo contínuo de âmbito global da consultoria Price Waterhouse Coopers, você encontra dados sobre mudanças e tendências no setor de mídia, e a respeito de gastos dos consumidores, com comentários de especialistas. A pesquisa de 2016-2020 mostra que gastos com entretenimento e mídia em certos países, dentre os quais o Brasil, estão crescendo mais do que suas economias (PIB). Além disso, as receitas de entretenimento e mídia estão saindo dos negócios de publicações para o mercado de vídeo e internet. A pesquisa de 2020-2024 mostra os impactos dos hábitos de consumo de mídia e entretenimento em 2020, interrompendo a série de crescimento presente desde 2015 e que continua de 2021 a 2024. Além disso, a pesquisa indica que o segmento de anúncios vai ser o mais lento a se recuperar desta queda, voltando aos padrões de 2019 apenas em 2022, mesmo com o crescimento de anúncios online em comparação com a mídia impressa. Atualmente, a pesquisa projeta até o ano de 2026, prevendo uma leve tendência de queda de investimentos entre 2024 e 2026. Análises de consumo e publicidades por segmento e dados sobre acesso à internet e consumo de dados também são apresentados pelo estudo.

Digital Ad Spend (Kantar e IAB)

Neste estudo anual  foram mapeados os principais investimentos no setor de publicidade digital. No primeiro semestre de 2022, houve um aumento no investimento em publicidade no geral. De acordo com a pesquisa, chegou-se a uma marca de R$ 14,7 bilhões, o que representou um aumento de aproximadamente 11,4% em relação ao primeiro semestre do ano anterior (R$ 13,2 bilhões). Os três setores que mais se destacaram foram: Serviços, Comércio e Mídia, correspondendo a 56% do investimento digital total. Setores como Telecom e Eletrônicos vêm crescendo. O estudo traz dados acerca dos gastos com publicidade digital de forma panorâmica e detalhada.

Texto atualizado em 02.02.2023.

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