Nova edição de pesquisa traz insights sobre a comunicação política através de apps em período pré eleições municipais

O relatório Os Vetores da Comunicação Política em Aplicativos de Mensagens: hábitos e percepções chega em sua 4ª edição (2023-2024) analisando as relações de confiança (e desconfiança) que se estabelecem na comunicação sobre política através de aplicativos de mensagem. A pesquisa é realizada a partir da parceria entre o InternetLab e a Rede Conhecimento Social.

Notícias Informação e Política 03.09.2024 por Luisa Brito e Ester Borges

Nesta edição de Vetores da Comunicação Política em Aplicativos de Mensagens: hábitos e percepções foram realizadas 3.183 entrevistas distribuídas nas 5 regiões do Brasil entre o período de 15 de janeiro a 02 de fevereiro de 2024. Destacando a predominância do WhatsApp como plataforma de mensageria, de forma queas as funcionalidades mais recentes do aplicativo, como a aba comunidades, estão sendo bem incorporadas pelos usuários, transformando-o em uma espécie de rede social além da sua função de comunicação privada. O Status, por exemplo, manteve sua relevância desde 2022, embora o tema político esteja menos presente este ano.

De acordo com a série histórica, há uma percepção de que as pessoas permanecem cautelosas ao se comunicarem por aplicativos, especialmente em relação a discussões políticas. Elas tendem a conversar sobre política apenas em ambientes onde se sentem confortáveis e com pessoas com pensamentos semelhantes. Pessoas com posicionamento político à direita se mostram mais dispostas a discutir política e confiam mais nas informações vindas de quem compartilha seu ponto de vista. Além disso, indivíduos da classe A apresentam comportamentos distintos, dos demais grupos analisados sendo mais ativos em múltiplos grupos e acompanhando conteúdo político com mais frequência. No entanto, elas também mostram mais receio em discutir política, preferindo interagir com quem compartilha suas opiniões.

Já o comportamento de repasse de conteúdo entre moradores de capitais e interior não apresenta diferenças ignificativas. Desafiando a ideia de que pessoas do interior ou com menos escolaridade seriam mais propensas a propagar desinformação ou compartilhar notícias sem checar as fontes. 

Aplicativos e suas finalidades

Como em edições anteriores, a pesquisa aponta  as escolhas de plataformas de forma bastante consciente por parte dos usuários. Em 2023, o Whatsapp mantém a preferência entre usuários de aplicativos de mensagem como ferramenta de comunicação com pessoas próximas, grupos de amigos e familia;  o Telegram se consolida como repositório e ambiente de acesso a grupos e conteúdos diversos acessados por afinidade. Já o TikTok é presente nas trocas de mensagem em outras plataformas pelo hábito de compartilhamento de prints e facilidades de envio de vídeos.

Eleições nos aplicativos de mensagem 

Em 2023, foi possível analisar uma queda tanto na participação de grupos destinados a debates políticos quanto no compartilhamento de notícias, memes ou campanhas, fenômeno que já havia ocorrido em 2021, quando a pesquisa foi também realizada em um período distante da época resrvada para propaganda eleitoral. Nota-se também uma tendência maior de engajamento em notícias reveladoras ou conteúdos de caráter urgentes, enquanto conteúdos relacionados a candidatos ou propostas governamentais foram mais relevantes no último ano de eleições (2022).

A constância de memes e notícias sobre candidatos se mantém como conteúdo mais compartilhado durante todos esses anos; Durante os anos não eleitorais mensagens sobre o que os governantes estão fazendo ganham relevância.

Os aplicativos de mensagem no ecossistema informacional

Mantendo o caráter informativo da pesquisa, ainda se tem em evidência o quanto os aplicativos de mensagens estão presentes no fluxo de consumo e distribuição de informação política, porém não são os protagonistas desse processo.

Em 2023, 3 a cada 10 pessoas receberam conteúdos políticos em geral, sendo essa uma proporção maior do que aquelas que receberam materiais específicos sobre as eleições de 2024. Dentro do compartilhamento dessas informações, majoritariamente realizadas pelo Whatsapp (amigos, familiares e pessoas próximas) e pelo Telegram (exploração de grupos por afinidade), conteúdos sobre as eleições de 2024 vindos do Instagram e do Facebook ainda são os mais compartilhados, mesmo que o Facebook esteja em queda de utilização nos últimos anos, seus conteúdos ainda são relevantes. 

O Whatsapp continua sendo a plataforma de uso predominante das pessoas e o seu acesso extenso atrelado ao lançamento de novas funcionalidades que têm sido incorporadas pelas pessoas tem contribuído gradualmente para transformar o aplicativo em uma rede social que vai muito além da comunicação privada. Essas funcionalidades são apresentadas a cada nova atualização, por exemplo, em janeiro de 2023 o Whatsapp lançou a comunidade, que é um meio de encaminhar mensagens para diversas pessoas sem a necessidade de criar um grupo, além de existir controles sobre respostas e a permanência das mensagens. Essa funcionalidade já são acessada pela maioria da população, o que indica a necessidade de um olhar atento à repercussão e potenciais usos nas próximas eleições.

O Telegram permanece consolidado como um espaço de interação por afinidades mas apresenta uma queda no uso diário dos usuários. Além desta plataforma, o X (antigo Twitter) e o Facebook também apresentam essa queda, enquanto o Instagram permanece como espaço de relevância na comunicação.

Caso queira saber mais, a pesquisa está disponível em português.

compartilhe