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14.04.2023
Executivo

[Moderação de Conteúdo] Ministério da Justiça edita portaria sobre circulação de conteúdos que fazem apologia à violência nas escolas

Em 12.04, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) editou a portaria 351/2023, que estabelece diretrizes para a responsabilização das plataformas digitais em casos de veiculação de conteúdos que incentivem ataques ou façam apologia à violência nas escolas. A norma prevê a instauração de processo administrativo na Senacon para apurar a responsabilidade das empresas em relação ao "dever geral de segurança e de cuidado em relação à propagação de conteúdos ilícitos, danosos e nocivos". Além disso, determina que as plataformas devem avaliar e tomar medidas para mitigar riscos sistêmicos, adotar ferramentas para evitar a disseminação de novas ameaças, políticas de moderação ativa de conteúdo, assim como prestar informações sobre regras de seus sistemas algoritmos de recomendação.

[Segurança Digital] Presidência promulga Convenção sobre o Crime Cibernético

Em 12.04, a Presidência da República promulgou a Convenção sobre o Crime Cibernético, assinada pelo Brasil em Budapeste em 23 de novembro de 2001. A convenção estabelece que os países adotem medidas legislativas para criminalizar condutas como a pornografia infantil e a violação de direitos autorais, além adotar outras medidas cabíveis para investigação e punição dos crimes previstos pelo acordo. Em 2022, o Itamaraty e o Ministério da Justiça divulgaram nota afirmando que o tratado permitirá que as autoridades brasileiras tenham acesso a provas de crimes obtidas no exterior.

Legislativo

[Segurança Pública] PL busca proibir a divulgação de imagens, vídeos ou outras informações de autores de massacres, terrorismo ou tiroteios violento

Em 12.04, a Deputada Federal Nely Aquino (PODEMOS/MG) apresentou o PL 1798/2023, que dispõe sobre a proibição da divulgação de imagens, vídeos ou outras informações dos autores de massacres, terrorismo ou de tiroteios violentos. Na justificativa, a parlamentar elenca eventos recentes para pautar a relevância do tema e argumenta que a disseminação desse tipo de conteúdo pode gerar “efeito de contágio”, que tem o potencial de inspirar novos atentados.

[Segurança Pública] PL busca impedir a disseminação de informações sobre autores de crimes com potencial de causar comoção social

  Em 11.04, a Deputada Federal Luisa Canziani (PSD/PR) apresentou o PL 1785/2023, que busca alterar o Código de Telecomunicações (Lei nº 4.117/1962) e o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) para indisponibilizar conteúdos que permitam a identificação de autores de crimes com "potencial de causar comoção social", tanto em plataformas digitais como em veículos de mídia. Na justificativa, a parlamentar defende que a divulgação de informações dessa natureza possui um efeito multiplicador, podendo causar "glorificação do criminoso", de maneira a incentivar o cometimento de outros crimes.

[Reconhecimento Facial] PL visa autorizar a instalação de câmeras de reconhecimento facial em estações ferroviárias e rodoviárias

Em 12.04, o Deputado Federal Rodrigo Gambale (PODEMOS/SP), apresentou o PL 1828/2023, que pretende autorizar a instalação de câmeras de reconhecimento facial nas estações ferroviárias e rodoviárias, no interior dos vagões das composições, em vias públicas e repartições públicas em todo o território nacional. Na justificativa, o parlamentar argumenta que a presença de câmeras tem o potencial de inibir ações criminosas e cita a LGPD para sustentar que seria possível implantar, no sistema de vigilância por câmeras, programas decodificadores que protegeriam os dados dos usuários. Sugere, portanto, que a implementação dessa tecnologia promoveria a segurança pública, sem prejuízo à proteção de dados pessoais.

Conjuntura internacional

[Índia] Governo indiano proíbe redes sociais de veicular informações falsas ou enganosas sobre negócios do governo

[China] Órgão regulador chinês adota medidas de segurança para modelos de linguagem semelhantes ao ChatGPT

Em 11.04, o principal órgão regulador da internet da China, CAC (Cyberspace Administration of China), apresentou uma proposta com medidas para regular serviços de inteligência artificial semelhantes ao ChatGPT. A proposta, ainda em elaboração e aberta ao comentário público, estabelece que as empresas deverão enviar avaliações de segurança às autoridades antes de lançar seus serviços, além de estabelecer a responsabilidade das empresas pelo conteúdo gerado pela IA. Segundo a Época, “os conteúdos gerados não deverão conter elementos que possam subverter o poder do Estado, incitar secessão ou perturbar a ordem social”. A medida surgiu após uma série de gigantes de tecnologia chineses, incluindo Baidu, SenseTime e Alibaba, terem apresentado recentemente seus novos modelos de inteligência artificial, que podem alimentar desde chatbots até geradores de imagens. Ainda, segundo a Reuters, a CAC afirmou que o conteúdo gerado por GAI (inteligência artificial generativa, ou algoritmos, capazes de gerar conteúdo aparentemente novo e realista - como texto, imagens ou áudio - a partir dos dados de treinamento) deve estar alinhado com os "valores socialistas fundamentais" do país. De acordo com a proposta, os provedores serão responsáveis pela legitimidade dos dados usados ​​para treinar produtos de GAI, e deverão atualizar a tecnologia em até 3 meses caso ocorram instâncias de conteúdo inapropriado. Em março de 2022, a China já havia regulado o uso de algoritmos e sistemas artificiais por meio das Provisões de Gerenciamento de Serviços de Informação na Internet e Recomendação Algorítmica.

[União Europeia] Autoridade de proteção de dados cria força tarefa sobre ChatGPT

Em 13.04, o Comitê Europeu para a Proteção de Dados anunciou o lançamento de uma força tarefa para fomentar a cooperação e troca de informações entre autoridades nacionais europeias sobre a aplicação da legislação europeia de proteção de dados ao ChatGPT e à OpenAI, sua fabricante. A medida ocorre após diversos reguladores europeus solicitarem maior coordenação na aplicação da legislação europeia de proteção de dados à nova tecnologia. No dia anterior ao lançamento da força tarefa, a autoridade italiana de proteção de dados anunciou que poderá suspender as restrições que havia imposto ao ChatGPT quanto ao tratamento de dados de usuários italianos. A autoridade afirmou que a suspensão das restrições ocorrerá caso a OpenAI implemente medidas quanto à transparência, à garantia de direitos dos titulares de dados (tanto usuários quanto não usuários) e à base legal para o tratamento de dados pessoais. A empresa deverá disponibilizar em seu site informações sobre o tratamento de dados pessoais pelo ChatGPT, implementar medidas de controle de idade de usuários, usar as bases legais de consentimento ou de legítimo interesse para o tratamento de dados, criar ferramentas para que os titulares de dados possam exercer seus direitos, implementar ferramentas para a proteção de crianças e adolescentes e promover uma campanha de conscientização pública sobre o uso de dados pessoais para o treinamento de inteligência artificial.

[Irã] Polícia anuncia instalação de câmeras para aplicação da lei de vestimenta

Em 08.04, a polícia do Irã anunciou que vai instalar câmeras com tecnologia de reconhecimento facial em locais e vias públicas para identificar e punir mulheres que não respeitarem a legislação de vestimenta, como o uso de véu. A polícia afirmou que as infratoras receberão mensagens de texto contendo as provas da violação da lei e informando sobre as consequências da reincidência, que incluem apreensão de veículo e possibilidade de processo judicial. A nova medida ocorre em meio a um aumento no número de mulheres que infringem propositalmente a legislação de vestimenta após a morte de Mahsa Amini sob a custódia da polícia iraniana, presa por usar seu hijab de maneira inadequada.

Setor privado

[Twitter] Empresa muda rótulo do perfil da BBC e NPR indicando ligação com o Poder Público e enfrenta objeções

Desde 04.04, o Twitter alterou a descrição dos perfis da BBC e da NPR com rótulos sugerindo a ligação das emissoras com o Poder Público. Ambas se pronunciaram publicamente contra as classificações, que afirmam não capturar corretamente sua estrutura de governança e financiamento. Em entrevista à BBC, o dono da plataforma, Elon Musk, afirmou que fez a mudança porque o Twitter está "tentando ser preciso". A BBC foi rotulada inicialmente como "mídia financiada pelo governo" e, após protestos, o Twitter aceitou alterar a marca para “fundada publicamente”. A NPR, por sua vez, havia sido classificada como “mídia afiliada ao Estado”, rótulo que foi contestado e alterado posteriormente para “mídia financiada pelo governo”. No entanto, no caso da NPR, que continua sendo definida pela plataforma como "financiada pelo governo", a emissora optou por abandonar a plataforma digital no dia 12.04 devido à mudança, após afirmar que seus reiterados pedidos pela correção do título foram ignorados pelo Twitter. Em seu último post, a NPR afirmou que “produz jornalismo consequente e independente todos os dias em serviço ao público”, fornecendo os links para suas outras redes sociais.

Publicações

[CDR] Coalizão publica nota sobre proposta do executivo para regulação de plataformas

Em 12.04, a Coalizão Direitos na Rede (CDR) publicou uma nota técnica sobre o conjunto de sugestões do Governo Federal para o Projeto de Lei 2630/2020, conhecido como “PL das Fake News”. A CDR elogia a abertura do governo em dialogar após apresentar a proposta de mudanças ao PL, afirmando que “a interlocução com um leque ampliado de atores e atrizes é fundamental para construir uma proposta de regulação que abarque as distintas camadas de complexidade da regulação do ecossistema online”. Por outro lado, critica a importação sem adequação de dispositivos estrangeiros e a falta de consideração por usuários brasileiros. A nota trata de temas que a CDR julga prioritários e que a respeito dos quais considera necessário haver mais debate: o dever de cuidado; o modelo regulatório; a auto-regulação; questões de privacidade, vigilância e criptografia, de transparência, de imunidade parlamentar e de remuneração do jornalismo. A CDR ainda ressalta a centralidade do Marco Civil da Internet para um modelo de responsabilidade de intermediários e afirma que a adoção de novos modelos não pode ser feita às custas dos direitos dos usuários da internet.

[AI Now] Instituto publica relatório sobre concentração de poder na indústria tecnológica

Em 11.04, o instituto “AI Now” publicou o relatório “Confronting Tech Power”, em que apresenta estratégias políticas para enfrentar a concentração de poder na indústria tecnológica. O documento sugere que respostas políticas que não abordam de forma significativa as discrepâncias de poder devem ser abandonadas em favor de reformas políticas, a serem combinadas com intervenções como ação coletiva e organização dos trabalhadores. O instituto afirma que a pretensão é de que o relatório sirva de orientação estratégica para moldar a trajetória futura da inteligência artificial, de forma a assegurar que essa tecnologia sirva ao público.