InternetLab e Rede Conhecimento Social lançam pesquisa sobre hábitos, usos e impactos de plataformas de vídeos curtos para adolescentes
Segundo o estudo, 90% dos e das adolescentes usam regularmente plataformas de vídeos curtos. Essas plataformas são percebidas não apenas como uma forma fácil de entretenimento, mas também como uma ferramenta de acesso à informação.
O uso da internet por crianças e adolescentes se coloca como um importante desafio para diferentes atores e setores sociais: pais, mães, cuidadores, educadores, setor público e privado. Seja em razão da quantidade de horas gastas na internet, pelo envolvimento em desafios postados online ou por questões de segurança relacionados a abusos ou outros tipos de violência, parcela significativa daqueles que se preocupam com desenvolvimento de jovens tentam entender o impacto que o uso da internet e de redes sociais pode acarretar no crescimento e desenvolvimento desse grupo social.
As perguntas relacionadas ao tema são muitas, mas um consenso tem se desenhado: não há somente um responsável no que tange à garantia de uma presença segura de crianças e adolescentes nas interações sociais que se dão na internet. Para o desenho de políticas públicas, políticas de educação e para aprimorar o diálogo entre responsáveis e adolescentes, é preciso compreender como diferentes plataformas são incorporadas no dia a dia dos/as adolescentes brasileiros, bem como quais são os principais desafios e preocupações por eles/as enfrentadas.
Dentre as plataformas mais usadas por jovens atualmente destacam-se as de vídeos curtos. De acordo com um levantamento realizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), plataformas de vídeos curtos, como TikTok, Kwai ou Instagram Reels, são as mais utilizadas entre os/as adolescentes entre 13 e 17 anos.
Considerando o alto alcance deste tipo de conteúdo entre adolescentes, o InternetLab, em parceria com Rede Conhecimento Social, publica a pesquisa “Usos e impactos de plataformas de vídeos curtos por adolescentes do Brasil”, que busca compreender os principais hábitos, percepções e preocupações que sondam adolescentes, responsáveis e educadores no uso de plataformas de vídeos curtos por adolescentes de 13 a 17 anos. Com o estudo, buscamos responder às seguintes questões:
- Quais são os hábitos observados por mães, pais, educadores e responsáveis?
- Quais são suas preocupações e cuidados em relação a essas plataformas?
- Como as e os adolescentes utilizam essas plataformas?
- Elas e eles se sentem seguros ao fazê-lo?
- Como essas plataformas podem ou não contribuir para o crescimento e desenvolvimento de adolescentes? Quais são as especificidades no que tange debates relacionados aos menores pertencentes a grupos historicamente marginalizados – como é o caso de pessoas com deficiência, jovens LGBTQIA+ e pessoas negras?
Metodologia
Para responder a essas perguntas, a pesquisa adotou uma abordagem muti-métodos, passando por abordagens tanto quanti, quanto qualitativas, em um processo de construção participativa com grupo de adolescentes, denominada PerguntAção. Este grupo de jovens da PerguntAção, composto por 9 adolescentes entre 13 e 17 anos, moradores/as de diferentes regiões do país, recebeu uma formação sobre pesquisa de opinião e metodologias de pesquisa. A partir de um processo de escuta plural, o grupo de adolescentes (i) cocriou todos os instrumentos de coleta de dados empregados nesta pesquisa, (ii) atuou no compartilhamento e divulgação da pesquisa, e (iii) colaborou na análise dos resultados finais.
A partir do grupo de PerguntAção, foram utilizados como técnicas de coleta de dados:
- Quantitativo: questionário online direcionado a adolescentes de todo o país;
- Qualitativo: grupos de discussão e entrevistas em profundidade com adolescentes, mães/pais/responsáveis por adolescentes, professoras(es) de ensino médio e fundamental (anos finais) e psicopedagoga.
Principais resultados
- As plataformas de vídeos curtos fazem parte da vida da maior parte das e dos adolescentes entre 13 e 17 anos no Brasil. 95% dos respondentes da pesquisa afirmam interagir com vídeos curtos. As e os jovens usam as plataformas como uma de suas principais formas de entretenimento, sendo que as principais redes usadas são Instagram (77%) e TikTok (72%).
- Ainda que entretenimento seja um ponto forte, existe uma compreensão por parte das e dos adolescentes de que as plataformas de vídeos curtos são, também, uma ferramenta de acesso à informação.
- Apenas uma pequena parte dos respondentes afirmam produzir conteúdo para plataformas de vídeos curtos (5%). Tanto responsáveis, quanto adolescentes acreditam que as e os jovens tendem a ser mais reservados e postar menos conteúdo nas redes sociais.
- Apesar de as e os adolescentes não perceberem uma correlação entre os hábitos de consumo de plataformas de vídeos curtos com falta de atenção ou impaciência; educadores(as) apontam para um aumento de desatenção entre estudantes.
- A maior parte de adolescentes afirma já ter assistido a vídeos curtos com conteúdo discriminatório contra grupos marginalizados e que se sentiam desconfortáveis com este tipo de vídeo.
- Adolescentes apontam que tendem a usar plataformas de vídeos curtos pela ausência de outras atividades de entretenimento.
- Adolescentes acreditam que a internet, hoje, não é segura para jovens. Apenas 6% acham que a internet é segura o suficiente para crianças e adolescentes.
- Os jovens sentem a necessidade de que haja mais informações sobre segurança das plataformas, com mecanismos de denúncia simplificados, com mais divulgação; com mais avisos de conteúdo sensíveis; e que influenciadoras(es) poderiam falar mais sobre segurança online.
Para saber mais, leia o relatório na íntegra, em português, aqui.
Leia também as matérias exclusivas do Desinformante e do Porvir sobre os resultados da pesquisa.