Analisando os ecossistemas de (des)informação política no Telegram durante o período eleitoral

2º relatório produzido por pesquisadores da UFBA e UFSC, com apoio do InternetLab, descreve os principais tópicos políticos discutidos entre agosto e setembro de 2022

Notícias Informação e Política 30.09.2022 por Ester Borges

Lançado hoje, 16.09, o segundo relatório da pesquisa Democracia Digital – Análise dos ecossistemas de desinformação no Telegram durante o processo eleitoral brasileiro de 2022 analisa mais de dois milhões de mensagens em 170 grupos e em 445 canais do Telegram coletadas entre 01 de agosto a 14 de setembro de 2022.

De acordo com a pesquisa, os momentos de maior compartilhamento de mensagens nos chats (grupos e canais) foram em ordem descrescente: 07 de setembro, com as manifestações e comemorações relativas ao aniversário da independência,  22 de agosto, dia da entrevista do presidente Jair Bolsonaro ao jornal Nacional da TV Globo e 28 de agosto, quando ocorreu o primeiro debate presidencial transmitido pela TV Bandeirantes. Apesar desses destaques, percebeu-se que as mobilizações para o dia 07 de setembro de 2022 tiveram, em termos proporcionais e absolutos, menos engajamento que em 2021, o que sugere que a troca de mensagens na plataforma tem sido provocado sobretudo por episódios diretamente relacionados a agenda eleitoral, como entrevistas e debates, mais que por campanhas realizadas pela base de apoiadores do governo, como foi observado no mesmo período em 2021.

A tendência de um compartilhamento de narrativas multiplataforma também é percebida pelos pesquisadores, uma vez que a cada dez mensagens postadas nos grupos monitorados no Telegram, pelo menos uma continha algum link para o Youtube, além de uma grande circulação de prints de outras plataformas de redes sociais e vídeos produzidos originalemnte para o TikTok.

O relatório é resultado do desdobramento do projeto Ecossistema de desinformação e propaganda computacional no aplicativo Telegram conduzido por pesquisadores da UFBA e da UFSC e apoiado pelo InternetLab em 2021 no âmbito do edital de seleção de pesquisas sobre o uso de técnicas de manipulação em redes sociaisConsiderando uma estrutura interdisciplinar de mapeamento, monitoramento e análise multi-método (quantitativa e qualitativa) de grupos e canais abertos de cunho político no Telegram, os pesquisadores coletaram conteúdos de áudio, vídeo e imagens compartilhados no aplicativo– buscando compreender as narrativas, valores, gramáticas e lógicas de ação de grupos extremistas no Brasil.

Em agosto, o primeiro relatório dessa pesquisa abordava os efeitos provocados nos grupos e canais do Telegram pela possibilidade de bloqueio da plataforma, por decisão do Supremo Tribunal Federal em março deste ano, quando o ministro Alexandre de Moraes havia determinado a Apple e o Google retirassem o Telegram de suas lojas de aplicativos e que provedoras de serviço de internet interessem obstáculos tecnológicos para inviabilizar a sua utilização, por descumprimento de decisões judiciais e desrespeito a legislação brasileira.

Ao longo do processo eleitoral, serão organizados ainda outros dois relatórios sobre temas atuais da agenda de estudos de comunicação digital. 

O segundo relatório completo está disponível para leitura em português.

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