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23.07.2018
Legislativo

[Dados pessoais] Projeto aprovado no Congresso segue para sanção presidencial, com risco de vetos a dispositivos

Em 17.07.2018, foi encaminhada à sanção presidencial a redação final do projeto de lei que regulamenta o tratamento de dados pessoais no Brasil, aprovado pelo Congresso Nacional no último dia 10. A presidência tem prazo de 15 dias úteis para sancionar ou vetar a proposta, parcial ou integralmente, que vence no dia 6 de agosto. O tema está em análise pelos ministérios, que estão preparando subsídios para vetos ou sanção presidencial. Há preocupação entre grupos que participaram da redação do projeto de que o presidente vete artigos relacionados à criação de uma Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) - autarquia responsável por, entre outros, fiscalizar e aplicar sanções -, o que limitaria a aplicação de muitos dispositivos da futura lei [Aprofunde-se aqui].

Judiciário

[Eleições I] TRE determina bloqueio de perfis do Facebook por propaganda antecipada negativa

O Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão concedeu liminar para determinar o bloqueio provisório das páginas no FacebookRosengana Maranhão”, “Rosengana Roubalhey”, “FORA Roseana Sarney”, “Rosengana Sarney”, e outra com o mesmo nome “FORA Roseana Sarney”, por propaganda eleitoral negativa e antecipada. No caso, a pré-candidata ao governo do Maranhão Roseana Sarney ajuizou representação eleitoral em face do Facebook para a remoção de 5 perfis supostamente falsos que estariam veiculando publicações ofensivas à sua imagem. O relator entendeu que as atividade dos perfis impugnados extrapola os limites da liberdade de expressão e determinou o bloqueio temporário das 5 páginas. Além disso, também foi deferido o pedido da autora para determinar que a plataforma forneça as informações necessárias para identificação do criador das páginas, como dados cadastrais e número IP.

[Eleições II] Justiça Eleitoral e Secretaria de Segurança Pública de Goiás celebram acordo para combate a notícias falsas

No dia 18.07 o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) e a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-GO) celebraram acordo de cooperação técnica para o combate à disseminação de notícias falsas nas eleições de 2018. Com o acordo, a SSP-GO será responsável pela checagem de fatos, colheita de provas e identificação de usuários, com a elaboração de relatórios técnicos que subsidiem a atuação da Justiça Eleitoral para a adoção das medidas cabíveis. De acordo com o superintendente da SSP, sempre que a Justiça Eleitoral for provocada por uma suspeita de notícia falsa, a secretaria atuará na checagem. O objetivo da medida é coibir a disseminação e tornar mais célere o processo de remoção de conteúdos falsos.

[Privacidade] Ministério Público investiga o tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes pelo Youtube

A Comissão de Proteção dos Dados Pessoais do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) instaurou inquérito civil público para investigar como o Youtube trata os dados pessoais de crianças e adolescentes que utilizam a plataforma. De acordo com a portaria 04/2018 que instaura o inquérito, apesar dos termos de uso do Youtube informarem ser necessário ter mais de 18 anos ou autorização dos pais, muitos dos usuários são crianças e a existência ou não de autorização não é verificada pela plataforma. Além disso, a política de privacidade do Youtube informa que coleta diversos dados pessoais, o que traz preocupações em relação aos usuários menores de idade. A investigação do MPDFT se baseia principalmente no Código de Defesa do Consumidor, que veda a publicidade infantil abusiva e proíbe que o fornecedor se aproveite da fragilidade do consumidor em razão da idade [Aprofunde-se aqui].

[Crimes cibernéticos] MPF participa de reunião sobre a convenção internacional de crimes cibernéticos e defende que o Brasil se torne signatário

Entre os dias 11 e 13 de julho aconteceu em Estrasburgo, na França, a conferência Octopus para debater o protocolo adicional à Convenção de Budapeste, que trata sobre crimes cibernéticos e provas digitais. As coordenadoras do Grupo de Apoio sobre Criminalidade Cibernética da Câmara Criminal do MPF participaram da reunião que debateu as iniciativas globais sobre o tema. O Brasil não é signatário da Convenção, mas para que possa participar ativamente das discussões sobre o protocolo adicional, o Ministério Público Federal defende a adesão do país ao diploma internacional. Nesse sentido, a Procuradoria Geral da República enviou ofício recomendando a assinatura da convenção ao Ministério das Relações Exteriores, que, como resposta, indicou a intenção de formar um grupo de trabalho interministerial para avaliar o tema.

Conjuntura internacional

[União Europeia] Comissão Europeia aplica multa recorde ao Google por violação de normas antitruste

Em 18.07.2018, a Comissão Europeia (EC) multou o Google em 4,34 bilhões de euros por condutas relacionadas ao sistema operacional Android, que teriam violado regras antitruste europeias. De acordo com a Comissão, o Google impunha aos fabricantes de dispositivos a pré-instalação do aplicativo Google Search e do navegador Chrome como condição para o licenciamento da sua loja de aplicativos, a Play Store. Além disso, a empresa teria concedido incentivos financeiros a alguns fabricantes de grande porte e a operadoras de rede móveis para pré-instalação exclusiva do Google Search nos dispositivos. A EC também concluiu que o Google teria impedido os fabricantes de usarem qualquer versão alternativa do Android que não fosse aprovada pela própria empresa (versões conhecidas como “Android Forks”). Diante disso, a EC decidiu que o Google abusou de sua posição dominante, violando a legislação concorrencial da União Europeia, o que ensejou a aplicação da multa recorde pela Comissão. A empresa deverá cessar as práticas ilegais em 90 dias, sob pena de multa diária.

[União Europeia] Airbnb deverá adequar sua operação às normas europeias até o fim de agosto

A Comissão Europeia e as autoridades de defesa do consumidor decidiram que o modo como o Airbnb apresenta os preços, assim como diversas cláusulas de seus termos de uso, são contrários a legislações europeias, entre elas a diretiva relativa às práticas comerciais desleais, à diretiva relativa às cláusulas contratuais abusivas e ao Regulamento sobre Cooperação na Defesa do Consumidor. Para continuar operando em países da União Europeia, o Airbnb precisará apresentar mudanças até o fim de agosto, que incluem a distinção entre anfitriões particulares e profissionais, visto que as normas aplicadas variam de acordo com a relação estabelecida.

[Reino Unido] Comissária para Informação do Reino Unido emite aviso de intenção de multa de 500 mil euros ao Facebook

No dia 10.07.2018, a Comissária para Informação do Reino Unido, Elizabeth Denham, divulgou relatório sobre o andamento de investigação sobre o uso de dados para campanhas políticas no Facebook. O documento detalha as organizações e indivíduos investigados, e informa sobre a intenção de multar o Facebook no montante de 500 mil euros por violações à Lei de Proteção de Dados de 1998 do Reino Unido. A investigação aponta que o Facebook falhou em proteger dados pessoais de seus usuários, além de não ter sido transparente em relação a como esses dados eram utilizados por terceiros. O Facebook afirmou que está analisando o relatório e que irá responder ao Gabinete do Comissário para Informação (ICO) em breve.

[Portugal] Sancionada lei que agrava pena de crimes quando houver disseminação não consentida de imagens íntimas

No dia 20.07.2018, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa promulgou lei que altera o Código Penal português para agravar as penas que estejam relacionadas com casos de violação da intimidade e da vida privada na internet, alterando o Código Penal português. O texto aprovado aumenta as penas  previstas nos crimes de violência doméstica, nos crimes contra intimidade da vida privada e no crime de gravações e fotografias ilícitas, caso haja disseminação não consentida de imagens íntimas pela internet ou outros meios de difusão pública. A proposta teve origem no projeto de Lei 736/XIII, que foi aprovado por unanimidade pela Assembleia da República em 26.06.2018 [Aprofunde-se aqui].

Publicações

[Oxford Internet Institute] Estudo da Universidade de Oxford aponta para crescimento no uso de redes sociais para manipulação da opinião pública

Em 20.07.2018, foi publicado estudo realizado pelo Oxford Internet Institute, da Universidade de Oxford, que identificou o uso de redes sociais por governos e políticos para manipulação da opinião pública em 48 países ao redor do mundo. O relatório é uma atualização de pesquisa publicada em 2017 e apontou que, apesar dos recentes esforços para endereçar o problema, houve um aumento no uso das redes sociais para disseminação de desinformação. Entre as técnicas identificadas estão a produção e divulgação de notícias falsas, censura e bloqueios de sites e conteúdos, bem como uso de bots e contas falsas. A pesquisa ressaltou que, principalmente no Sul Global, tem crescido o uso de aplicativos de mensagens para envio e compartilhamento de notícias e informações, o que traz novos desafios para o enfrentamento à desinformação.

[Propaganda política] Estudo conclui que Trump foi o político dos EUA que mais investiu em impulsionamento no Facebook

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Nova York publicou um estudo sobre o gasto de políticos norte-americanos com impulsionamento de anúncios políticos no Facebook. De acordo com a análise, Donald Trump investiu 274 mil dólares com propaganda política desde maio, garantindo o primeiro lugar nos Estados Unidos. Os pesquisadores se utilizaram de dados do próprio Facebook, que passou a disponibilizar a partir de maio um banco de dados público que identifica os anunciantes, informa o valor gasto, e mostra a quantidade de atingidos pelo anúncio. O estudo afirma que 37 milhões de usuários visualizaram os posts patrocinados de Trump. Embora a intenção do Facebook seja incluir todo anúncio que tenha conteúdo político de modo a identificar o patrocinador, os pesquisadores mostraram que em aproximadamente 43 mil posts isso não ocorreu, indicando que nesses casos os responsáveis pela propaganda não passaram pelo processo de verificação da empresa.