Plataformas digitais para lésbicas, bissexuais e pessoas trans e não-bináries
O projeto tem o intuito de contribuir para o debate acadêmico sobre a sociabilidade de mulheres LBT e pessoas não binárias na internet e recomendar melhores práticas no que diz respeito a oferecer ambientes online seguros pertinentes para mulheres queer e pessoas não binárias.
A dinâmica de interação entre pessoas LBGTQIA+, tanto do ponto de vista político, de debates, militância e circulação de conhecimento, quanto da criação de laços afetivos e de comunidade, ocorre por meio da internet. Se, por um lado, esses espaços online possibilitam o debate, a troca de ideias, formas de acolhimento e a expressão da diversidade sexual e de gênero; por outro, a presença online traz também novas preocupações, como o nível de segurança desses espaços, o tratamento dos dados de populações politicamente marginalizadas, a forma como se dão as relações e interações que acontecem na internet e como o desenho das plataformas se relaciona com as particularidades da população LBGTQIA+.
Com base nessas preocupações, o InternetLab, em parceria com Lux Ferreira, transativista com doutorado em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, iniciou em 2022 uma pesquisa sobre sociabilidade, a intimidade e a segurança em ambientes virtuais entre mulheres LBT e pessoas não binárias, por meio de um estudo de caso na plataformas Ella Global Community.
A pesquisa foi idealizada considerando a existência de uma lacuna na literatura acerca da temática de redes sociais, aplicativos e mulheres LBT e pessoas não binárias – considerável quando em comparação com uma vasta produção acadêmica dedicada a compreender os usos de tais tecnologias por homens gays e bissexuais. A intenção principal da pesquisa é mapear os processos e mecanismos de interação, as relações e engajamento entre as pessoas que fazem uso da plataforma, assim como os limites e as possibilidades apresentados pela plataforma.
A metodologia aplicada é a netnografia (etnografia voltada para experiências e interações na internet) sobre o website da Ella Global Community, as páginas de Instagram Ella e o aplicativo ELLA. A etnografia se somará ao estudo de documentos como termos de uso, notas legais, diretrizes de comunidade, de grupos e de eventos, políticas de privacidade e políticas de cookies, dentre outros referentes ao aplicativo, buscando principalmente avaliar a segurança e proteção de dados oferecidos pela plataforma e sua dinâmica de moderação de conteúdo.
O projeto tem o de intuito contribuir para o debate acadêmico sobre a sociabilidade de mulheres LBT e pessoas não binárias na internet, preencher algumas lacunas e recomendar melhores práticas no que diz respeito a oferecer ambientes online seguros pertinentes para mulheres queer e pessoas não binárias, dialogando com ativistas, especialistas e pessoas que produzem conteúdo.
Publicações até o momento:
- Apresentação do projeto: “Conectar, visibilizar e desafiar: um espaço virtual para mulheres queer e pessoas não binárias”