Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.

Como contar histórias do futuro? A experiência da #EscolaInternetLab2017

Notícias Informação e Política 01.05.2017 por Beatriz Kira

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Após duas semanas de trabalhos intensos, chegou ao fim a primeira edição da Escola InternetLabPara contar as histórias do futuro: jornalismo e políticas de Internet”. Desde o primeiro dia, jornalistas do Brasil e de outros países da América Latina participaram de oficinas, debates e seminários, com especialistas de diversas áreas. Apesar dos diferentes idiomas e sotaques, as barreiras linguísticas foram superadas facilmente, o que proporcionou discussões e intervenções de alto nível.

A Escola foi estruturada a partir de três eixos temáticos: (1) por dentro dos conflitos (internet, política, histórias, tendências); (2) como contar histórias? (bases de dados, vazamentos, fact-checking); e (3) efeitos a serem considerados (big data, efeito bolha, engajamento, segurança). Esses eixos foram abordados ao longo das diferentes atividades da Escola.

Convidados internacionais

Em um dia voltado à discussão de questões globais, jornalistas internacionais convidados conversaram com os participantes da Escola sobre a pesquisa e escrita de algumas de suas reportagens. A jornalista jordaniana Reem Al Masri, da organização multimídia 7iber, relatou as dificuldades e os desafios da cobertura jornalística na região do Oriente Médio e Norte da África. Jeff Larson, jornalista da ProPublica e finalista do prêmio Pulitzer de 2017, contou sobre sua experiência com jornalismo investigativo. Em especial, abordou a área de big data e algoritmos, com foco na redação da premiada reportagem “Machine bias“, que identificou problemas de racismo no uso de um software para prevenir crimes nos Estados Unidos. A cobertura de temas da área de cibersegurança foi abordada por Kim Zetter, premiada jornalista que trabalhou na revista Wired. Ela comentou duas de suas reportagens sobre o tema: uma sobre segurança das urnas eletrônicas, e outra sobre a arma cibernética Stuxnet – supostamente desenvolvido pelos EUA e por Israel com o objetivo de sabotar o programa nuclear iraniano.

A programação da Escola incluiu o seminário aberto “Contar histórias do futuro: diálogo sobre o jornalismo e a tecnologia“, organizado em parceria com a Faculdade Cásper Líbero, no qual esses mesmos convidados internacionais puderam dialogar também com estudantes de jornalismo e outras pessoas interessadas no debate. O mote do primeiro painel foi “Novas histórias, velhos conflitos? Segurança, vigilância e sua cobertura“, com a participação de Kim Zetter, Reem Al Masri, Francisco Brito Cruz, diretor do InternetLab, e Claudia Bredarioli, professora da Cásper. Nesse painel, foram abordados temas como a cobertura jornalística em zonas de conflito, cibersegurança, responsabilidade de intermediários e sua relação com a liberdade de expressão na rede.

No segundo painel, cujo tema foi “Um futuro mediado pela tecnologia: algoritmos e seus desafios”, participaram Jeff Larson, Mariana Valente, diretora do InternetLab, e Leandro Beguoci, diretor editorial da revista Nova Escola. As discussões deste painel passaram pelos riscos e incertezas trazidos pelo tratamento de dados por empresas e Estados, discriminações de raça e gênero a partir de algoritmos, além de estratégias jurídicas de enfrentamento ao revenge porn no Brasil – que foi tema de pesquisa no InternetLab e deu origem ao livro “O Corpo é o Código“.

Oficinas temáticas

Para aprofundar o debate acerca de temas relacionados a campo de políticas de internet, foram realizadas oficinas temáticas, coordenadas pela equipe do InternetLab e por especialistas convidados. Um dos assuntos tratados foi como cobrir temas de vigilância cibernética e proteção de dados pessoais. Dennys Antonialli, diretor do InternetLab, destacou que o tratamento de dados pessoais está na base dos modelos de negócios de empresas de tecnologia e apontou que a coleta de dados pessoais nem sempre é consentida – muitas empresas formam imensos bancos de dados sobre seus usuários, a partir dos quais trabalham com publicidade direcionada. Jacqueline Abreu, coordenadora de pesquisa do InternetLab, pontuou que o desenvolvimento de novas tecnologias aumenta o poder de vigilância dos Estados, e que é importante prestar atenção no arcabouço jurídico disponível para avaliar quando essa vigilância é abusiva ou não. Ambos indicaram possíveis histórias que poderiam ser contadas a partir dessas perspectivas – desde os exemplos de vigilância com balões nas Olimpíadas do Rio de Janeiro até exemplos de conclusões inesperadas que algumas empresas tiram a partir dos bancos de dados que formam.

Beatriz Kira, coordenadora da área de conjuntura do InternetLab, compartilhou alguns resultados da linha de pesquisa “Economia do compartilhamento e desafios regulatórios“, relatando a análise comparada da regulamentação da Uber em megacidades ao redor do mundo, e a pesquisa histórica sobre o transporte individual de passageiros na cidade de São Paulo – feita a partir de acervos de jornais antigos. A responsabilidade de intermediários e sua relação com a liberdade de expressão na rede foi o tema da oficina coordenada por Francisco Brito Cruz, diretor do InternetLab. A oficina da diretora do InternetLab Mariana Valente tratou das mudanças que a internet e a tecnologia trouxeram para os direitos autorais. A neutralidade da rede, e sua regulamentação no Brasil, foi o tema da oficina de Ademir Pereira Junior, pesquisador da área de neutralidade de rede e advogado.

Natália Neris e Thiago Oliva, coordenadores de pesquisa no InternetLab, refletiram sobre como abordar a violência de gênero online e que cuidados um jornalista deve ter ao reportar uma manifestação de ódio. Em um dia dedicado especificamente à temática das desigualdades, os participantes da Escola debateram questões relacionadas ao acesso a Tecnologias da Informação e Comunicação, além das desigualdades de acesso ao mercado de trabalho na área de tecnologia e internet.

De jornalistas para jornalistas

Questões relacionadas a marcadores identitários e desigualdades também foram abordadas na oficina “Um olhar transversal para as desigualdades de classe, raça, gênero e outros marcadores sociais no jornalismo”, coordenada pela jornalista e pesquisadora Bianca Santana. A partir de uma perspectiva teórica, a oficina propôs que a interseccionalidade deve ser algo que passa por todas as pautas, e não apenas objeto de algumas histórias.

A Escola também se propôs a debater algumas estratégias e métodos de jornalismo. A oficina de Thiago Mali, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo – Abraji, discutiu técnicas de jornalismo de dados. Daniel O’Maley, editor associado do Center for International Media Assistance, falou sobre as dificuldades na cobertura de temas relacionados à governança da internet. Com Alexandre Matias, do Trabalho Sujo e ex-editor do Link, os jornalistas debateram estratégias para coberturas de tecnologia na mídia e como identificar os conflitos, e com Angela Pimenta, editora do informativo Bites, conversaram sobre como descobrir o que está nos bastidores do poder e da elaboração de políticas de internet. Angela também abordou o Projeto Credibilidade, uma iniciativa que pretende criar ferramentas para identificar e certificar conteúdo confiável na internet, com o objetivo de combater notícias falsas.

Boatos e bolhas

A temática da confiabilidade de conteúdos na internet teve particular atenção ao longo da Escola. Cristina Tardáguila, da Agência Lupa apresentou a metodologia de fact-checking, que tem sido usada em diversas partes do mundo, e os desafios da checagem da informação no Brasil. O fact-checking é uma das formas propostas para enfrentamento do compartilhamento de notícias falsas nas redes – problema que tem atraído cada vez mais atenção no debate público. Esse tema também foi abordado por Pablo Ortellado, coordenador do GPoPAI, que discutiu com os jornalistas os aprendizados trazidos pelo projeto “Monitor do debate político no ambiente digital“, como disseminação de conteúdo inverídico, efeito-bolha nas redes sociais e polarização no ambiente virtual.

Diálogos latino-americanos

No último dia da Escola, recebemos representantes de entidades atuantes na área de políticas de internet na América Latina (Derechos Digitales, Coding Rights, Fundación Karisma, TEDIC, e IDEC), para discutirem com os participantes os principais desafios e perspectivas para o campo na região. Em especial, tratamos da liberdade de expressão e informação (sua importância e os casos limítrofes, como o do direito ao esquecimento), e questões ligadas à privacidade e vigilância, direitos autorais no ambiente digital e questões de gênero na internet. Após rodadas nas quais foram debatidos os temas em maior evidência em cada um dos países representados, os jornalistas se reuniram em pequenos grupos com os convidados e convidadas latino-americanos para pensarem juntos em pautas relevantes que poderiam ser elaboradas a partir dos tópicos discutidos.

Registros da #EscolaInternetLab2017

Mais detalhes sobre o dia a dia da #EscolaInternetLab2017 foram relatados em nossas redes sociais ao longo dos dias. Reunimos abaixo fotos das atividades realizadas e depoimentos de alguns dos participantes.

Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
#EscolaInternetLab2017. Foto: Meg Kang.

Gif com fotos e relatos dos participantes do Escola InternetLab 2017. Maximiliano Manzoni: "Creo que ese ha sido el mayor legado de estas dos semanas: empezar a entender internet con un rostro humano, con su potencial y con sus desafíos. Porque sólo desde la empatía podremos empezar contar las historias del futuro". Maria Cecilia Toledo: "En portuñol selvagem: los que eu más gosto de la #EscolaInternetLab2017 foi la perspectiva en derechos humanos sobre Internet y la posibilidad de ver cómo las cuestiones de género atraviesan toda la region. Eu llevo para Argentina nuevos conceptos sobre feminismo negro, derecho al olvido y muitas herramientas para experimentar na web. Obrigada InternetLab!". Gracielly Bittencourt: "A qualidade dos debates e a possibilidade de integração entre jornalistas de toda a América Latina tornaram a Escola InternetLab um ambiente incrível de troca de informações e experiências para construção de um jornalismo melhor e mais engajado". Susana Morán: "InternetLab es para mi un espacio indispensable para las discusiones e investigación sobre internet". Ricardo Torres: "Acredito que toda a dedicação, infraestrutura e logística disponibilizadas contribuíram para o sucesso desta primeira edição e formataram o início de um processo contínuo que envolve novas ações norteadas pelo InternetLab e a rede de jornalistas que participou da escola".

Gif com fotos e relatos dos participantes do Escola InternetLab 2017. Gelsys Maria: "La escuela ha servido, desde mi punto de vista, para reflexionar sobre cómo contar las historias tecnológicas que ya no son de un futuro incierto y lejano, sino de un presente apabullante". Nelfi Fernández Reyes: "Otra mirada del periodismo hacia las tecnologías, especialmente el internet, es lo que me ha dado la escuela de InternetLab. Pero eso no es todo: me ha mostrado el camino para humanizar los datos y me ha abierto las puertas a una comunidad de profesionales que ya trabajan en historias de un futuro muy presente, cuyos retos y compromisos ahora hago míos". Perla Toro: "De la Escuela me llevo inquietudes y reflexiones para seguir delineando mi labor periodística, para tejer el mapa de una Colombia que hoy más que nunca precisa de preguntas para reconstruirse; ahora enmarcada en un escenario donde la tecnología e internet superaron las calificaciones de futuro para instalarse en el presente". Jéssica Botelho: "Para além de uma iniciativa que contribui consideravelmente para o fazer jornalístico atual, a Escola conectou 20 profissionais da América Latina e possibilitou uma troca de experiências muito produtiva e enriquecedora que nos motivou a articular projetos para parcerias futuras". Claudia Ocaranza: "Para mí en particular, la escuela me dio la oportunidad de refrendar conocimiento y adquirir nuevas ideas; además de conocer lo que se está haciendo en la región sobre periodismo de datos y de investigación para unir lazos y encontrar posibles colaboraciones".

Gif com fotos e relatos dos participantes do Escola InternetLab 2017. Munise Vargas: "A Escola InternetLab 2017 me reconectou aos princípios básicos do jornalismo e relembrou a importância da nossa profissão na sociedade. Também abriu novos caminhos para contar histórias do futuro: por meio de estradas conectadas em redes, mas lembrando sempre que o destino final deve estar focado nas pessoas". Gizele Martins: "Tive a oportunidade de estudar, ouvir e aprender com profissionais incríveis que trouxeram experiências necessárias para melhorarmos o nosso jornalismo. Tenham a certeza que vou compartilhar o que aprendi pelas favelas que caminho com as produções de cursos e oficinas de comunicação". Imanol Subiela: "La Escuela me abrió un abanico de ideas sobre cómo trabajar en, para y sobre internet. Me ayudó a comprender que los conflictos que se dan en el terreno virtual son parte del mundo real. Y finalmente, lo más importante, que la clave para poder avanzar sobre estos temas está en el trabajo en grupo, en comunidad, en establecer relaciones transaccionales que puedan desandar los conflictos (muchas veces similares) que tienen los países latinoamericanos". Glenda Girón: "La labor del periodismo informado y responsable es la de iluminar las desigualdades. Todos tenemos derecho a un acceso transparente a esas formas en las que la tecnología afecta vidas para bien y para mal. Me voy, también, feliz y sorprendida por la forma en la que este grupo del que tuve el honor de ser parte supo imponerse a las barreras lingüísticas. Muito obrigada".

Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Oficina “Privacidade e vigilância” com Dennys Antonialli e Jacqueline Abreu. Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Foto: Mariana Valente.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Oficina “Violências e discriminações na Internet”, com Natália Neris. Foto: Mariana Valente.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Workshop Internacional sobre Cibersegurança com Kim Zetter. Foto: Mariana Valente.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Workshop internacional sobre cobertura jornalística no Oriente Médio e Norte da África com Reem Mohd Nael Almasri, da revista online 7iber. Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do #EscolaInternetLab2017 no escritório do InternetLab.
Workshop Internacional sobre algoritmos e big data, com Jeff Larson. Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Workshop Internacional sobre algoritmos e big data, com Jeff Larson. Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Oficina “Metodologias de cobertura de desigualdades”, com Bianca Santana. Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Oficina “Metodologias de cobertura de desigualdades”, com Bianca Santana. Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Oficina “Neutralidade da rede”, com Ademir Pereira Jr. Foto: Mariana Valente.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Oficina “Coberturas de políticas de internet: como descobrir o que está acontecendo nos bastidores do poder?”, com Angela Pimenta. Foto: Mariana Valente.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Dinner-talk sobre fact-checking, com Cristina Tardáguila, da Agência Lupa. Foto: Mariana Valente.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Foto: Mariana Valente.
Foto do Jantar-entrevista com Demi Getschko, que está sentado em uma sala com móveis antigos, de frente para outras pessoas também sentadas
Jantar-entrevista com Demi Getschko. Foto: Mariana Valente.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Oficina “Desigualdades na tecnologia: acesso a Internet e acesso ao mercado de trabalho”, com Tatiana Jereissati, do NIC.Br, Natália Neris e Sil Bahia, do PretaLab. Photo: Mariana Valente.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Oficina “Metodologias de cobertura de desigualdades”, com Bianca Santana. Foto: Mariana Valente.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Representantes da Derechos Digitales, TEDIC, Coding Rights e Karisma, entidades parceiras da América Latina, debatem desafios e perspectivas para a região. Foto: Jacqueline Abreu.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Painel “Dinâmica de Ciclo”, com Rodrigo Savazoni. Foto: Mariana Valente.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Participantes debatem desafios e perspectivas das políticas de internet na América Latina. Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Participantes debatem desafios e perspectivas das políticas de internet na América Latina. Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Participantes debatem desafios e perspectivas das políticas de internet na América Latina. Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Participantes debatem desafios e perspectivas das políticas de internet na América Latina. Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Participantes debatem desafios e perspectivas das políticas de internet na América Latina. Foto: Beatriz Kira.
Foto dos participantes do Escola InternetLab 2017 no escritório do InternetLab.
Participantes debatem desafios e perspectivas das políticas de internet na América Latina. Foto: Beatriz Kira.

*** ESPAÑOL ***

Después de dos semanas de intenso trabajo, llegó a su fin la primera edición de la Escuela InternetLab “Para contar las historias del futuro: el periodismo y las políticas de Internet“. Desde el primer día, los periodistas de Brasil y otros países de América Latina participaron en talleres, debates y seminarios, con expertos en diversos campos. A pesar de las diferentes lenguas y acentos, las barreras del idioma fueron superados fácilmente, y han dado lugar a discusiones e intervenciones de alto nivel.

La Escuela se estructuró a partir de tres temas: (1) dentro de los conflictos (internet, política, historia, tendencias); (2) cómo contar historias? (bases de datos, las fugas de datos, fact-checking); y (3) los efectos que han de considerarse (big data, efecto burbuja, compromiso, seguridad). Estos ejes fueron abordados a través de las diferentes actividades de la Escuela.

 

Invitados internacionales

En un día que se centró en la discusión de los problemas globales, los periodistas internacionales invitados hablaron con los participantes de la Escuela sobre la investigación y redacción de algunas de sus reportajes. La periodista jordana Reem Al Masri, de la organización multimedia 7iber, relató las dificultades y los desafíos de los medios de comunicación en la región de Oriente Medio y el Norte de África. Jeff Larson, periodista de la ProPublica y finalista del Premio Pulitzer en 2017, habló sobre su experiencia con el periodismo investigativo. En particular, se dirigió al campo de big data y algoritmos, centrándose en la premiada historia “Machine bias“, que identifica problemas de racismo en el uso de software para la prevención de delitos en los Estados Unidos. Los temas del área de la seguridad cibernética fue abordado por Kim Zetter, premiada periodista que trabajaba en la revista Wired. Ella comentó sobre dos de sus reportajes sobre el tema: una sobre la seguridad de las máquinas de votación electrónica, y uno sobre el software Stuxnet – supuestamente desarrollado por los EUA y por Israel con el fin de sabotear el programa nuclear iraní.

La programación de la Escuela incluyó el taller Contar historias del futuro: diálogos sobre el periodismo y la tecnología“, realizado en colaboración con la Facultad Casper Libero, en el que estos mismos invitados internacionales también hablaron con estudiantes de periodismo y otras personas interesadas en el debate. El tema del primer panel fue “Nuevas historias, viejos conflictos? Seguridad, vigilancia y su cobertura“, con la participación de Kim Zetter, Reem Al Masri, Francisco Brito Cruz, director de InternetLab y Claudia Bredarioli, profesora en Cásper. En este panel, fueron tratado temas como la cobertura de noticias en zonas de conflicto, ciberseguridad, responsabilidad de los intermediarios y su relación con la libertad de expresión en la red.

En el segundo panel, cuyo tema fue “Un futuro mediada por la tecnología: algoritmos y sus desafíos“, participó Jeff Larson, Mariana Valente, directora de InternetLab, y Leandro Beguoci, director editorial de la revista Nova Escola. Las discusiones sobre este panel pasaron por los riesgos e inseguridad traídos por el tratamiento de datos de las empresas y Estados, la discriminación racial y de género a partir de algoritmos y las estrategias legales para hacer frente al revenge porn en Brasil – que fue objeto de una investigación en InternetLab y resultó en el libro “O Corpo é o Código”.

 

Talleres temáticos

Para profundizar el debate sobre cuestiones relacionadas con el campo de políticas de Internet, se llevaron a cabo talleres temáticos, coordinados por el equipo de InternetLab y expertos invitados. Uno de los temas tratados fue la forma de cubrir temas de vigilancia cibernética y protección de datos personales. Dennys Antonialli, director de InternetLab, señaló que el tratamiento de datos personales es la base de los modelos de negocio de las empresas de tecnología y señaló que la recogida de datos personales no és siempre consentida – muchas empresas hacen enormes bases de datos sobre sus usuarios, con los cuales trabajan con la publicidad dirigida. Jacqueline Abreu, coordinadora de investigación de InternetLab, señaló que el desarrollo de nuevas tecnologías aumenta el poder de la vigilancia de los estados, y es importante prestar atención al marco legal disponible para evaluar si esa vigilancia es abusiva o no. Ambos indicaron posibles historias que podrían ser contadas desde estas perspectivas – desde ejemplos de la vigilancia con globos en los Juegos Olímpicos de Río de Janeiro hasta ejemplos de conclusiones inesperadas que algunas empresas llegaron a partir de las bases de datos que se forman.

Beatriz Kira, coordinadora de InternetLab del área de coyuntura, compartió algunos resultados de la línea de investigación “Economía del compartir y desafíos regulatorios“, presentando el análisis comparativo de la regulación de Uber en las megaciudades alrededor del mundo, y la investigación histórica sobre el transporte individual de pasajeros en la ciudad de Sao Paulo – a partir de archivos de periódicos viejos. La responsabilidad de los intermediarios y su relación con la libertad de expresión en la red fue el tema del taller coordinado por Francisco Brito Cruz, director de InternetLab. El taller de la directora de InternetLab Mariana Valente trató de los cambios que Internet y tecnología han traído a los derechos de autor. Neutralidad de la red, y su regulación en Brasil, fue el tema del taller de Ademir Pereira Junior, investigador en el área de neutralidad de la red y abogado.

Natália Neris y Thiago Oliva, coordinadores de investigación de InternetLab, hicieron una reflexión sobre la forma de abordar la violencia de género en línea y la atención que el periodista debe tener para informar sobre manifestación de odio. En un día dedicado específicamente a la cuestión de las desigualdades, los participantes de la escuela trataron de temas relacionados con el acceso a las tecnologías de información y comunicación, además de la desigualdad en el acceso al mercado de trabajo en el área de la tecnología e Internet.

 

De periodistas para periodistas

Los temas relacionados con marcadores de identidad y desigualdades también fueran discutidos en el taller “Una mirada transversal de las desigualdades de clase, raza, género y otros marcadores sociales en el periodismo“, coordinado por la periodista e investigadora Bianca Santana. Desde una perspectiva teórica, el taller propuso que la interseccionalidad debe ser algo que pasa a través de todas las pautas, no es sólo el tema de algunas historias.

La Escuela también propuso discutir algunas estrategias y métodos de periodismo. El taller de Thiago Mali, de la Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo – Abraji discutió técnicas de periodismo de datos. Con Alexandre Matias, de Trabalho Sujo y ex editor de Link, los periodistas discutieron estrategias para cobertura de la tecnología en los medios de comunicación y cómo identificar los conflictos, y Angela Pimenta, editora del boletín Bites, hablaron sobre cómo descubrir o qué pasa por detrás de los bastidores del poder y el desarrollo de políticas de internet. Angela también se refirió al Projeto Credibilidade, una iniciativa que tiene como objetivo crear herramientas para identificar y asegurar el contenido confiable en Internet, con el fin de combatir las noticias falsas.

Rumores y burbujas

La cuestión de la confiabilidad de los contenidos de Internet tuvo especial atención en toda la Escuela. Cristina Tardáguila, de la Agência Lupa presentó la metodología de fact-checking, que se ha utilizado en diversas partes del mundo, y los desafíos de los controles de información en Brasil. El fact-checking es una de las formas propuestas para hacer frente a la distribución de noticias falsas en las redes – un problema que ha despertado un interés creciente en el debate público. Este tema también fue abordado por Pablo Ortellado, coordinador de GPoPAI, que discutió con los periodistas las aprendizajes traídas por el proyecto “Monitor del debate político en el entorno digital“, como la difusión de contenidos falsos, efecto burbuja en las redes sociales y la polarización en el entorno virtual.

 

Diálogos latinoamericanos

En el último día de la Escuela, recibimos representantes de las organizaciones que operan en el campo de las políticas de Internet en América Latina (Derechos Digitales, Coding Rights, Fundación Karisma, TEDIC, e IDEC), para discutir con los participantes los principales desafíos y perspectivas para el campo en la región. En particular, discutimos sobre libertad de expresión y de información (su importancia y casos límites, como el derecho a ser olvidado), y cuestiones de privacidad y vigilancia, derechos de autor en el entorno digital y cuestiones de género en Internet. Después de rondas en las que se discutieron los problemas en mayor evidencia en cada uno de los países representados, los periodistas se reunieron  en pequeños grupos con los invitados y invitadas latinoamericanos para pensar juntos sobre las materias importantes.

 

Los registros # EscolaInternetLab2017

Más detalles sobre el día a día en #EscolaInternetLab2017 fueran informados en nuestras redes sociales a lo largo de los días. Reunimos fotos de las actividades y declaraciones de algunos de los participantes.

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